PLANO SAFRA 2025/2026: Guilherme Coelho destaca fruticultura, irrigação e importância do Nordeste em Brasília

0

Brasília foi palco do lançamento do Plano Safra 2025/2026, que promete injetar R$ 516,2 bilhões na agricultura empresarial brasileira. O evento contou com a presença de representantes do alto escalão do Governo Federal e do setor produtivo — entre eles, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho.

Representando os produtores de frutas irrigadas do país, especialmente do Vale do São Francisco, Guilherme subiu ao palco ao lado de nomes como o presidente da República, o ministro da Agricultura e o ministro da Fazenda. E sua fala ecoou com força ao defender irrigação, infraestrutura e acordos internacionais como alavancas para o avanço da fruticultura no Brasil. Em entrevista hoje (2), ao programa Nossa Voz, o presidente da Abrafrutas fez um balanço da sua participação no evento.

“Ontem (1) tinham dois ministros pernambucanos, Silvio Costa, que é o Ministro de Portos e Aeroporto, como também André de Paula, que é o Ministro da Pesca. Foi um evento muito importante, muita gente, muitos produtores, muitos empresários. Que foi o lançamento do Plano Safra que a gente chama do setor empresarial do agro. E eu fiquei muito feliz, porque tive oportunidade — nesse evento só falaram quatro pessoas — o senhor Presidente, o ministro da Agricultura, o ministro da Fazenda e eu. Tive a oportunidade de falar representando todo o agro do Brasil, e pra mim foi uma responsabilidade muito grande. Ontem foi o Dia Mundial da Fruta, olha que coisa boa.”

Durante o discurso, Guilherme ressaltou a força da fruticultura brasileira no cenário internacional:

“No meu discurso eu tive a oportunidade de falar da pujança, da força da fruticultura. Hoje nós somos o terceiro maior produtor de frutas do mundo. O primeiro é a China, o segundo é a Índia e o terceiro é o Brasil. Nós empregamos hoje cerca de 5 milhões de pessoas na fruticultura no Brasil. Nós somos responsáveis por 16% de toda a mão de obra que o agro oferece. 16% trabalha com fruticultura. E só para você ter uma ideia, nesse primeiro trimestre — janeiro, fevereiro e março — que nós ainda não fechamos o segundo trimestre, nas exportações nós já aumentamos cerca de 24% em volume. Então é um setor que tem crescido bastante.”

Guilherme também aproveitou o momento para cobrar agilidade em obras estruturantes essenciais ao desenvolvimento do Nordeste:

“Eu aproveitei a oportunidade também — já que o Presidente da República estava lá — de pedir esforços e agilização em três grandes obras estruturadoras no Nordeste. Obras antigas, que começaram há muito tempo e se arrastam. Falei da Transnordestina, que cruza o Araripe, passa em Salgueiro. Falei também da Transposição, que vem sendo feita aos poucos, mas precisa ser concluída. E da hidrovia do São Francisco, recentemente anunciada pelo ministro Silvio Costa Filho aqui em Petrolina.”

Outro ponto destacado com ênfase foi a irrigação como base do sucesso do setor:

“O que eu também pontuei no meu discurso é que nós precisamos de mais irrigação. Mais irrigação. É aquilo que eu digo. Tivemos Nilo Coelho, Maria Teresa, o Pontal — que ainda não foi concluído. Qual é o novo projeto que vem aí? Então tem que vir novo projeto. Esse projeto é o Canal do Sertão. Eu estive com o ministro Valdez, da Integração Nacional. Marquei audiência com ele — ainda sem data — para que a gente possa conversar sobre essa questão do Canal do Sertão, que é muito importante para nossa região.”

Coelho ainda comentou as tratativas comerciais com a União Europeia e a China, apontando como fundamentais para a competitividade dos produtores da região:

“Nós estamos em expectativa grande, porque agora, na primeira semana de julho, o presidente Lula assume a presidência dos blocos até dezembro. E ele foi enfático em dizer que está muito otimista para ver se até o final do ano esse acordo com a União Europeia finalmente se fecha. Ele falou que teve agora recentemente com a França, com conversas muito fortes com o presidente da França — que sempre se posiciona contra. E o presidente Lula questionou: ‘Por que você é contra? Vamos acabar com isso. Isso não afeta vocês.’ Então estamos esperançosos.”

Caso o acordo se concretize, a redução da tarifa para exportação de uvas para a Europa pode representar um alívio significativo para os produtores:

“Hoje a gente paga uma tarifa, um imposto fora da União Europeia, que varia de 8 a 14% do preço da uva. Com o acordo fechado, esse imposto vai a zero. Isso é fantástico para nossa região. Nossos concorrentes como Peru, África do Sul e Estados Unidos já mandam para lá sem pagar nada. Então, a gente espera essa comemoração até o final do ano.”

Sobre a China, o presidente da Abrafrutas também está otimista com os avanços:

“A China está oficialmente aberta. Agora o que tá se fazendo são tratativas entre partes, entre clientes e importadores. Eu já estou organizando, se Deus quiser, agora em agosto — quem sabe setembro — os primeiros supermercados da China devem vir pra cá. A ideia é trazer o pessoal comercial, a equipe de qualidade, para conhecerem nossas frutas. Eles nunca compraram aqui, então devem passar uns dias, visitar as fazendas, conhecer a produção. E depois disso, o segundo passo é começar a mandar alguma coisa pra lá, testar o mercado, como já fizemos em outros países.”

Guilherme finalizou com um apelo direto, reforçando que irrigação e capacitação são chaves do futuro para o Vale:

“O que tem que fazer mesmo, minha gente, é irrigação.A gente aqui é um case de sucesso mundial. Quem sabe fazer isso somos nós. Tá aí a prova. Então, na minha cabeça, é isso aí: tem que ter agilidade nos bancos, financiamento na hora certa, assistência técnica, palestras, reuniões, workshops. Isso é muito importante para nossa região. Para capacitar, estimular os produtores para produzirem cada vez mais.”