O programa Nossa Voz de hoje (6) foi palco de um debate acalorado sobre a representatividade das mulheres no espaço político institucional e as políticas públicas voltadas para elas em Petrolina. A mesa redonda reuniu a vereadora Lucinha Mota, a vereadora Maria Helena (em seu sexto mandato), a vereadora Samara da Visão, a secretária executiva da Mulher Rosarinha Coelho e a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco, Glaucia Andrade.
Glaucia Andrade, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco, abriu o debate destacando a importância das conquistas ao longo dos anos.
Ela enfatizou a necessidade contínua de questionamento e avanço nas políticas públicas, citando a Lei Maria da Penha como um marco relevante na luta contra a violência. “A trajetória que percorremos ao longo dos anos é testemunha do nosso esforço coletivo. Somos herdeiras das lutas anteriores, e isso é evidenciado quando observamos de perto as políticas públicas para as mulheres. Temos um olhar carinhoso para essa questão e reconhecemos que, apesar das conquistas, ainda há muito a ser feito. Nosso legado legislativo, desde a promulgação da Lei Maria da Penha há mais de 16 anos, demonstra nosso compromisso em proteger as mulheres, especialmente em situações de violência doméstica.”, falou Glaucia.
Glaucia também destacou a relevância do contexto atual em Pernambuco, com uma governadora e uma vice-governadora mulheres, direcionando uma atenção especial para as políticas voltadas para as mulheres. “É um momento único, e estamos otimistas quanto ao futuro. Cada avanço, cada programa, cada adesão é uma vitória para todos nós”.
Rosarinha Coelho, Secretária Executiva da Mulher, compartilhou a visão de um trabalho diário e contínuo em prol do acolhimento e empoderamento das mulheres.
“Não trabalhamos apenas em datas comemorativas, estamos lá o ano inteiro para acolher as mulheres, especialmente em momentos de violência. Promovemos o empoderamento feminino por meio de oficinas e capacitações. Trabalhamos diariamente para enfrentar a violência e oferecer atendimento de excelência.”, enfatizou.
Ela destacou as oficinas e capacitações promovidas pela secretaria, visando não apenas o enfrentamento da violência, mas também o fortalecimento das mulheres em diversos aspectos de suas vidas.
“Destacamos nosso trabalho contínuo para atender as mulheres de Petrolina em momentos de aflição, não se limitando a datas comemorativas. Na Secretaria Executiva da Mulher, oferecemos apoio médico, psicológico, jurídico e social diariamente, com uma equipe comprometida com o enfrentamento à violência. Além disso, promovemos o empoderamento feminino através de oficinas e capacitações, incluindo temas como empreendedorismo, comunicação e autodefesa. Mantemos parcerias estratégicas com a Patrulha da Mulher e a Secretaria Municipal de Saúde para garantir um cuidado abrangente e contínuo às mulheres vítimas de violência, reforçando também nossa colaboração com a área educacional para abordar questões de saúde e bem-estar social.”
Lucinha Mota, vereadora, trouxe à tona a questão da representatividade feminina na política, enfatizando a necessidade de superar estereótipos e promover a formação política das mulheres.
“Nós ainda somos muito vistas como coadjuvantes, fazendo o trabalho para os homens. Temos capacidade e currículo para ocupar esses espaços, mas ainda enfrentamos desafios significativos. É crucial investir na formação política das mulheres, pois muitas desconhecem o feminismo e suas reais aspirações. Precisamos avançar nas políticas de informação e na saúde da mulher, como evidenciado por dados recentes em Petrolina que revelam a escassez de consultas ginecológicas e ultrassons, serviços básicos essenciais para as mulheres”, destacou a vereadora.
Por sua vez, a vereadora Maria Helena trouxe uma visão ampla das conquistas alcançadas em nível nacional, estadual e municipal. Ela enfatizou a importância de debates como aquele para ampliar o conhecimento e engajamento das mulheres na luta por seus direitos, ressaltando que o movimento feminista busca a igualdade e não a superioridade.
“São seis mandatos, e gostaria de destacar as conquistas alcançadas em âmbito nacional, estadual e municipal. É importante abordar tanto o que já conquistamos quanto o que ainda precisamos alcançar. Precisamos tornar mais acessível o entendimento sobre essas conquistas específicas em cada esfera, para que as mulheres possam compreender e lutar por seus direitos de forma mais eficaz. O feminismo é um movimento concreto em busca do protagonismo feminino, onde competimos não por superioridade, mas por direitos e garantias”. pontuou Maria Helena
Samara da Visão, também vereadora, trouxe à tona desafios específicos enfrentados em Petrolina, especialmente na área da saúde. Ela ressaltou a importância de ampliar a oferta de serviços e garantir um atendimento adequado, especialmente para as mulheres que vivem em áreas rurais.
“É fundamental ampliar a oferta de serviços e garantir um atendimento adequado, especialmente para as mulheres que vivem em áreas rurais.É preocupante ver a falta de estrutura para prevenção e tratamento médico adequado para as mulheres em nossa região. Muitas sofrem com a espera por cirurgias simples, como a cesariana, devido à falta de infraestrutura local. Propus que a casa de parto fosse expandida para oferecer cirurgias de pequeno porte, mas até agora não houve avanços. Além disso, há escassez de materiais para exames preventivos, como o papanicolau, nas unidades de saúde. É crucial que a gestão municipal se atente a essas necessidades e amplie os serviços de saúde, especialmente para áreas rurais e irrigadas, onde o acesso é ainda mais limitado.”, enfatizou Samara.
Sobre a cota feminina
O debate trouxe à tona também a cota eleitoral. Em Petrolina, como em todo o Brasil, a representatividade das mulheres na política ainda é um desafio. A cota eleitoral, que exige que 30% das candidaturas sejam de mulheres, é um instrumento importante para aumentar a participação feminina nos espaços de poder.
“Eu acho que é importante essa provocação para que as mulheres possam votar em mulheres, a gente precisa acreditar no nosso potencial. A mulher precisa votar em mulher”, enfatizou Samara da Visão, destacando a importância da representação feminina nas eleições e a necessidade de fortalecer o vínculo entre as mulheres eleitoras e as candidatas.
Por sua vez, Glaucia ressaltou que “ a cota de 30% para candidaturas femininas ainda é insuficiente para garantir uma verdadeira representatividade. Exige um compromisso real dos partidos políticos em promover a igualdade de gênero e criar espaços efetivos para as mulheres dentro das estruturas partidárias.”
Lucinha Mota compartilhou suas experiências e desafios enfrentados como mulher na política, destacando a dificuldade de inserção nos partidos e a constante luta pela representatividade genuína. “Os partidos estão tendo dificuldade de montar chapas porque as mulheres não querem mais serem usadas como ‘cotas’. Precisamos de mais do que números, precisamos de voz e poder de decisão real.”
“A presença feminina nos espaços políticos ainda é subestimada, exigindo um esforço contínuo para superar o machismo estrutural presente na sociedade. Precisamos de políticas que incentivem a participação das mulheres desde a base, promovendo sua formação política e garantindo espaços efetivos de poder”, ressaltou a vereadora Maria Helena.