População em situação de rua cresce em Petrolina, e programa municipal intensifica ações de acolhimento e reinserção social

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Petrolina, no Sertão de Pernambuco, enfrenta um desafio cada vez maior com o aumento da população em situação de rua, cenário que acompanha a realidade nacional. Para lidar com a questão, o município mantém o programa Petrolina Acolhe, que realiza abordagens diárias, oferece acolhimento, encaminhamento para serviços de proteção social e busca a reintegração familiar e profissional dos atendidos.

A secretária executiva de Assistência Social, Francinete Panta Nery, explicou que o crescimento desse grupo é reflexo de fatores como conflitos familiares, uso de drogas e transtornos mentais agravados pela pandemia.

“Nós estamos aqui realmente para levar a informação à sociedade de Petrolina, que clama todos os dias por uma ação, seja na Praça da Catedral, na 21 ou em qualquer ponto da cidade. A Assistência Social tem trabalhado muito com o programa Petrolina Acolhe. Costumo dizer que quem trabalha na assistência precisa ter o coração na mão, porque, se não for assim, não evolui. Em todo o Brasil, e aqui não é diferent, houve um aumento significativo da população em situação de rua”.

Ela abordou sobre as ações efetivadas no município:

“Passamos por uma pandemia que deixou muitas pessoas adoecidas, especialmente com problemas de saúde mental. Isso afeta também quem vive nas ruas. Estamos todos os dias, das 8h às 22h, com nossa equipe especializada realizando abordagens sociais. O Centro Pop recebe diariamente entre 5 e 10 pessoas vindas de outras cidades. Petrolina atrai porque oferece atendimento humanizado, documentação, alimentação, guarda de pertences e encaminhamento para o trabalho. Recentemente, firmamos parceria com uma agência de empregos para direcionar essas pessoas ao mercado de trabalho, além de fortalecer vínculos com familiares. O prefeito Simão Durando convocou todos os secretários para sair dos gabinetes e tentar minimizar esses agravos, sem política higienista, mas garantindo direitos e dignidade humana.”

Segundo o levantamento da pasta, a maior parte das pessoas atendidas são homens, entre 30 e 50 anos, vindos de cidades vizinhas e até de outros estados, como o Ceará. Francinete destacou que o município busca articulação com outros órgãos, inclusive em Juazeiro (BA), para ações conjuntas.

“A maioria vem de fora. Recebemos muitos do Ceará e de Juazeiro. Já solicitamos à Defensoria Pública da União e ao Ministério Público que incluam Juazeiro na construção de estratégias conjuntas, porque recebemos diariamente pessoas de lá. As principais causas são conflitos familiares, geralmente relacionados ao uso de álcool e drogas. É importante que as pessoas entendam que quem está na rua não é necessariamente bandido. Muitas vezes, são pessoas que perderam um filho, um irmão, a mãe, e buscaram alívio nas drogas. Quando o usuário é de Petrolina, fazemos a conexão com o CRAS para acompanhar e dar suporte à família, minimizando agravos e devolvendo a dignidade.”

A secretária também falou sobre a resistência de alguns indivíduos ao acolhimento e destacou a importância de a sociedade compreender o papel do município.

“A resistência maior está no entorno da Catedral, porque ali eles recebem tudo de forma gratuita e rápida, alimentação, roupas, lençóis e, infelizmente, drogas. Isso os faz permanecer na rua. Nosso trabalho é sensibilizar para que aceitem o acolhimento. Ontem mesmo tivemos um caso emocionante: uma família do Ceará reencontrou o pai, que estava em situação de rua há cinco meses, acolhido no abrigo municipal. Eles estavam separados havia mais de 22 anos. É prova de que a rua não é para ninguém. Ninguém escolhe a rua como moradia, por isso falamos em pessoas em situação de rua.”

Atualmente, cerca de 200 pessoas estão cadastradas no município, sendo que cerca de 100 frequentam o Centro Pop, número que varia devido à migração constante entre cidades. Petrolina mantém abrigo municipal funcionando 24 horas, com sala de aula e atividades de reintegração social em parceria com associações e igrejas.

“A assistência social não é força coercitiva, é acolhimento. Não podemos simplesmente ‘retirar’ uma pessoa da rua como se fosse mercadoria. Trabalhamos para fortalecer vínculos e devolver dignidade. Quem quiser ajudar, deve procurar o abrigo municipal, porque nas ruas não se devolve dignidade. Campanhas como as do agasalho precisam ser coordenadas com o município para que sejam eficazes. Qualquer cidadão que encontrar alguém em situação de rua e disposto a receber acolhimento pode acionar a gente, que estamos prontos para atender.”

Francinete encerrou agradecendo à equipe da Secretaria de Assistência Social e do SUAS, ressaltando que o trabalho só é possível graças ao esforço conjunto.

“Ninguém trabalha sozinho. Como diz nosso prefeito, só conseguimos avançar de mãos dadas. Quero agradecer aos profissionais do abrigo municipal, do Centro Pop e da proteção social básica. É uma equipe maravilhosa, que atua como uma UTI social, pronta para salvar vidas.”