Os impactos socioambientais decorrentes da implantação da Reserva Tatu Bola – que compreende uma área de 110 mil hectares distribuídos pelos municípios de Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande- foram tema de Audiência Pública nesta segunda (23), na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
O Sindicato dos Agricultores Familiares de Petrolina (Sintraf), que tem acompanhado sistematicamente as reivindicações dos agricultores, quilombolas, indígenas e assentamentos que residem nesta área; esteve representado pela presidente Isália Damacena.
A situação dos agricultores é preocupante, pois muitos já sofrem as consequências das limitações impostas pelo Estado, impedidos de desenvolverem plenamente suas atividades cotidianas- a grande maioria, passada de geração a geração. Há que se relatar a impossibilidade, inclusive, de obter linhas de financiamento para estimular as iniciativas agropecuárias. Após a implantação da Reserva, o que se tem constatado é o aumento do desemprego, das desigualdades sociais, do êxodo rural.
O saldo da Audiência Pública foi o comprometimento do governo do Estado em concluir até Dezembro próximo, o levantamento teórico sobre os principais pontos demandados pelas comunidades afetadas e, logo em seguida, iniciar pesquisa de dados junto aos agricultores para que se possa ter, com base em critérios técnicos, as informações corretas e necessárias para o direcionamento das medidas a serem tomadas.
“Sempre ressaltamos que nós, agricultores, não somos contra nenhum projeto de preservação ambiental. O que a gente sempre questionou foi o fato de não ter sido realizado um estudo aprofundado sobre as comunidades que fariam parte da Reserva Tatu Bola, não houve um plano de manejo, não se buscou conhecer a realidade local. Hoje o que a gente vê é muita restrição e a insegurança que paira sobre os agricultores que têm propriedades nesta área. Desconhecemos, por exemplo, a atuação do Conselho Gestor, desconhecemos a atividade de educação ambiental, para justamente orientar o agricultor a ter uma convivência cada vez mais benéfica com o meio ambiente, respeitando os limites ambientais; desconhecemos inclusive, a aplicação de recursos para a conservação da Caatinga Participo desta audiência com a esperança de que a situação possa ser resolvida”, pontua a presidente do Sintraf Petrolina, Isalia Damacena, que representou Petrolina contando também com o apoio do prefeito Simão Durando e do secretário municipal de Agricultura, Pedro Brandão.
A Audiência Pública contou com a participação da secretária estadual do Meio Ambiente, Ana Luiza Ferreira; do prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Capellaro; da vereadora por Lagoa Grande, Edileuza Lafaiete; das vereadoras de Petrolina, Maria Elena Alencar e Samara Lima (Samara da Visão), do vereador de Petrolina, Elismar Gonçalves; deputado federal Lucas Ramos; dos deputados estaduais Doriel Barros, Luciano Duque (propositor da Audiência), Socorro Pimentel, Rosa Amorim, Romero Sales Filho; do prefeito de Santa Maria da Boa Vista , George Duarte;do presidente da Associação Comunitária dos Campesinos Afetados pela Reserva de Vida Silvestre Tatu Bola, José Adenilson, dentre outros representantes de entidades públicas.
Vale destacar que na área da Reserva Tatu Bola , a principal fonte de renda das famílias vem da prática agrícola e da criação de animais. Na região são cultivados, por exemplo, batata doce, macaxeira, milho, feijão.