O projeto “Nas Ramas da Esperança”, iniciado em novembro de 2021 por professores do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), é um dos finalistas do prêmio Pacto contra a fome, que reconhece iniciativas de transformação socioambiental que trabalham em prol do combate à fome e/ou do desperdício de alimentos. A cerimônia de premiação acontece nesta quinta-feira (26).
“Nas Ramas da Esperança” é uma ação estratégica de redução da pobreza extrema em Pernambuco, através da implantação de um banco de multiplicação de ramas-sementes, produção e distribuição de variedades de batata-doce biofortificada. O objetivo é que sejam implantados quintais produtivos e criadas novas áreas de cultivo pelo estado, promovendo a disseminação de variedades de batata-doce biofortificada como estratégia de superação da insegurança alimentar e da desnutrição, além de potencializar a economia circular no Estado.
Com sede no campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE, o projeto é desenvolvido com apoio da Rede BioFORT – responsável pela biofortificação de alimentos no Brasil, coordenada pela Embrapa. A ação recebe ainda financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE).
Para o coordenador do projeto, professor Erbs Cintra, figurar entre os finalistas de um prêmio de impacto nacional traz uma responsabilidade ainda maior no desenvolvimento das ações. “Nós temos uma população em Pernambuco de mais de 60% que vive em situação de insegurança alimentar. A partir desse financiamento da Facepe a gente desenvolve uma ação que consegue alcançar praticamente todo o Estado, não apenas com multiplicação das ramas dos alimentos biofortificados, mas com a distribuição de alimentos, que nos coloca como propulsor de inovações nas políticas de combate à fome, agora com visibilidade para o país inteiro”, considerou.
Além do professor Erbs Cintra, o projeto conta com a atuação de mais seis pesquisadores, além de bolsistas graduandos de engenharia agronômica.
RESULTADOS – Em menos de um ano de atuação, em junho de 2022, foram registrados os primeiros resultados com o atendimento de 25 famílias no sertão pernambucano e a implantação de quintais produtivos das variedades mais bem adaptadas às condições de cultivo local. Com a divulgação desses resultados, foi atingido o número de 60 instituições atendidas pelo projeto, entre elas, associações, assentamentos da reforma agrária, comunidades ribeirinhas e povos indígenas, cooperativas, ONG’s, campi de Institutos Federais e Universidades públicas em vários estados do Brasil.
Em Pernambuco, as ações do projeto “Ramas da Esperança” estão presentes em 33 municípios com a distribuição de 174.765 ramas-sementes. A principal cultivar adaptada e distribuída na região semiárida é a ‘Nuti’, variedade de polpa alaranjada, precoce, com ciclo médio de 120 dias e produtividade média superior a 40 toneladas por hectare.
O município de Lagoa Grande foi um dos beneficiados. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Marineide Pereira dos Santos, quatro comunidades receberam as ramas de batata doce para plantio. “As famílias que receberam plantaram, colheram e gostaram muito dessa variedade de batata. Está de parabéns o IFSertãoPE por esse belíssimo trabalho que vem fazendo, que vem agregar e fortalecer a nossa agricultura familiar”, afirmou.
“Nas Ramas da Esperança” inspirou ainda a proposição de um projeto de lei, pela vereadora de Petrolina, Samara da Visão, para incluir alimento biofortificado na merenda escolar do município. “Tendo em vista que muitas crianças vivem em situação de vulnerabilidade, vamos oportunizar alimentos bons, biofortificados, ricos em nutrientes e vitamina A, muito importante para o desenvolvimento da criança”, explicou.
Decorridos 23 meses de execução do projeto, a distribuição das ramas-sementes já alcançou mais oito estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Minas Gerais, Sergipe e Piauí, totalizando 125 municípios atendidos, mais de 1200 agricultores, 20 toneladas de batata-doce biofortificada doadas e 271.005 ramas-sementes entregues. A previsão é chegar ao final deste ano com 2000 agricultores beneficiados diretamente e 500.000 ramas-sementes de batata-doce biofortificadas distribuídas pelo país.
Fonte: Ascom IFSertãoPe