Em reunião realizada ontem em Brasília, a maioria da Executiva Nacional do PSDB decidiu fazer uma investida para tentar convencer o ex-governador de São Paulo João Doria a abrir mão de sua pré-candidatura à Presidência da República pelo partido. A cúpula da sigla vai chamar o correligionário para um encontro ainda hoje com o objetivo de demovê-lo do projeto de disputar o Palácio do Planalto.
Em reunião realizada ontem em Brasília, a maioria da Executiva Nacional do PSDB decidiu fazer uma investida para tentar convencer o ex-governador de São Paulo João Doria a abrir mão de sua pré-candidatura à Presidência da República pelo partido. A cúpula da sigla vai chamar o correligionário para um encontro ainda hoje com o objetivo de demovê-lo do projeto de disputar o Palácio do Planalto.
Em contraste ao tom cauteloso adotado pelo presidente do partido, Aécio foi mais incisivo nas reais intenções da “convocação” de amanhã. O deputado mineiro é inimigo político declarado de Doria, que já trabalhou, sem sucesso, para expulsá-lo do PSDB.
— (Será) Uma convocação, mais do que um convite, para ouvirmos o governador João Doria. E darmos a oportunidade a ele de ouvir a realidade, que a sua candidatura traz prejuízos aos estados. Dar a ele a oportunidade de sair desse processo. Eu tenho a expectativa ainda de um gesto de desprendimento e grandeza do próprio governador — disse Aécio.
Em outra frente de ação, os tucanos vão trabalhar junto aos caciques de MDB e Cidadania para adiar o anúncio do candidato único da terceira via.
— Não estamos na fase de avaliar qual candidatura deve seguir. A percepção nossa é primeiro ter um diálogo com Doria. E, com a participação dele, chegarmos a um entendimento definitivo que possa unir parceiros como o MDB — justificou Bruno Araújo.
O Globo apurou que, ao saber do resultado da reunião ocorrida em Brasília, Doria indicou a aliados que aceitaria se sentar a portas fechadas com um quórum reduzido a dez correligionários: cinco indicados por ele e outros cinco escalados por Araújo.
Antes de deliberar sobre o chamado ao ex-governador para uma reunião, tanto o grupo de Araújo quanto o de Aécio repudiaram a carta, divulgada nesta semana, em que Doria ameaça recorrer à Justiça se não for lançado como candidato do PSDB após ganhar as primárias no ano passado.
Mesmo apoiadores de Doria concordaram que a referida carta, na qual ele se colocava como vítima de um “golpe” foi um “equívoco”.
— Não se discute eleições juridicamente, mas no diálogo, na política — disse o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).
Na reunião, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que chefia o jurídico da sigla, também se posicionou contrário ao teor da carta. Tanto Sampaio como Izalci apoiaram a candidatura de Doria nas prévias do PSDB.
Aliados de Araújo acreditam, porém, que Doria tende a conseguir decisões favoráveis na Justiça, visto que o estatuto tucano prevê que o vencedor das prévias deve ter sua candidatura homologada na convenção nacional. Nesse cenário, a resposta seria uma asfixia financeira —na prática, um boicote ao ex-governador. Cabe a cada legenda estabelecer os critérios para a distribuição interna dos recursos do fundo eleitoral, desde que cumpridos todos os requisitos definidos pela legislação, como, por exemplo, a cota de gênero de 30%.
— Se a maioria da Executiva decidir não transferir recurso algum para Doria, está decidido, o partido tem essa liberdade — explica o advogado Michel Bertoni, especialista em direito eleitoral , que complementa: — Um eventual “boicote” financeiro só poderia ser verificado a partir do final de julho, quando os partidos devem começar a enviar as regras de distribuição do fundo eleitoral ao TSE. Até que isso ocorra, a sigla fica sem o dinheiro do fundo para campanha.
(Folha de Pernambuco)