Olhares atentos e curiosos, conversas empolgadas, vontade e ansiedade de entrar no Museu Regional do São Francisco. Eram essas as expressões e emoções das, aproximadamente, mil crianças que participaram do projeto ‘Viagens no Tempo’, entre os dias 16 e 31 de agosto, em Juazeiro-BA. Toda essa agitação, era porque a maioria estava visitando o espaço cultural pela primeira vez.
Essa viagem pela história do Território do São Francisco, através da visitação ao museu, foi encerrada ontem (31), após os 10 dias de mergulho na memória cultural do povo ribeirinho, a partir do patrimônio material guardado no museu. Adriano Alves, coordenador do projeto, diz que “a possibilidade de criar pontes entre crianças e os patrimônios da nossa região é empolgante para nós produtores culturais. Assim, esses futuros cidadãos se tornam defensores da nossa Cultura e sonhamos com uma sociedade mais consciente”.
Na visita ao museu, crianças de 7 a 10 anos, vindas de 10 escolas municipais, puderam criar diálogos e conexões sobre história, arte, passado e presente. E foram os fósseis dos animais, que chamou a atenção de Hanna Oliveira de Carvalho. “ A gente viu o fóssil, eu achei impressionante o museu(…) a gente nunca pode esquecer as coisas antigas”,diz a estudante da Escola Municipal Professora Leopoldina Leal.
Muitos professores enxergam na visita uma atividade que fortalece o processo pedagógico desenvolvido em sala de aula, pontuando que muito do que foi visto durante o passeio pelo museu pode ser explorado na escola e que esse contato das crianças com novas experiências desperta vontade nos estudos. “Para as crianças foi muito bom. A gente não precisa nem perguntar, antes de chegar na nossa sala de aula, porque a gente já viu no rosto de cada um a inquietação, a empolgação. E essa inquietação terá continuidade na escola”, afirma a professora Joseny Lima de Souza.
Durante a visita, as crianças foram estimuladas a valorizar o Patrimônio Histórico da região, seja ele material ou imaterial. E também puderam acompanhar a contação de história ‘As Guardiãs das Lendas’, da Trup Errante. A história apresenta três mulheres importantes na preservação das lendas locais, a historiadora Maria Izabel Muniz Figueiredo, conhecida como Bebela, a professora Maria Franca Pires e Elizabete Matos Medrado da Silva, mais conhecida como professora Betinha do Bumba meu Boi.
O diretor Thom Galiano comenta que contar a história dessas guardiãs foi uma forma de trazer o patrimônio imaterial para o projeto. “A gente ficou pensando nessa ideia da memória imaterial, porque o museu tem a memória material, então, por isso a ideia de trazer as mulheres (..) É claro, a gente ficcionou um pedaço da vida delas, pra dizer que as três foram contemporâneas na infância”, relata. A contação trouxe Bebela, Betinha e Maria como crianças, narradas pela atriz Zuleika Bezerra. Ela explica que “assim as crianças entram muito na história, querem participar, dar a opinião delas. Então, terminou que foi uma coisa natural, e eu comecei a me divertir com elas”.
No momento da contação da história, as crianças são estimuladas a serem as próximas guardiãs e guardiões das lendas do São Francisco. Zuleika destaca que nesse momento uma criança chamou sua atenção. “Quando eu disse, agora vocês vão ser os guardiões das histórias, ele recebeu aquilo. Foi uma coisa tão bonita”, conta.
O projeto ‘Viagens no Tempo’, aprovado no Edital Setorial de Museus 2019 do Fundo de Cultura da Bahia e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC, é realizado pela Pipa Produções e contou com a parceria do Museu Regional do São Francisco e da Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro.
(Agência Chocalho)