Um dia depois de ser alvo de críticas públicas do ex-prefeito de Petrolina e pré-candidato ao Senado, Miguel Coelho, e do presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto, durante a abertura do Congresso da UVP, a governadora Raquel Lyra (PSDB) respondeu diretamente às provocações em entrevista exclusiva à Rádio Grande Rio FM, na manhã desta sexta-feira (28). Embora não tenha citado nomes, o recado político foi claro: as disputas eleitorais não podem atrasar o ritmo das entregas do Governo do Estado — e Pernambuco “não tem mais tempo a perder”.
Questionada sobre as declarações feitas pelos dois líderes, Raquel afirmou que sua atenção permanece voltada para as ações administrativas e para a reconstrução de setores que, segundo ela, estavam abandonados. “O que a gente foca é na entrega para a população daquilo que eu me comprometi quando tive a honra de poder ser a primeira mulher governadora de Pernambuco. Nós temos dois anos e dez meses no governo. Se a gente olha só para a água em Petrolina, a gente está aqui investindo R$ 100 milhões. Nos oito anos que antecederam o nosso governo foram R$ 13 milhões”, disse.
A governadora usou Petrolina como exemplo para ilustrar o contraste entre a atual gestão e administrações anteriores. Ao citar o Armazém da Criatividade, implantado na estrutura da Univasf que passou dez anos parada, Raquel anunciou que o equipamento será transformado em um braço do Porto Digital. “Daqui a muito pouco tempo, eu vou voltar aqui para inaugurar algo que dialoga com inovação e tecnologia. Nós estamos em um polo prestador de serviço. A fruticultura irrigada emprega muita gente e carece de tecnologia, de gente formada para isso. Vamos dar oportunidade para startups, empreendedorismo digital e permitir que os jovens daqui possam sonhar outros sonhos.”
Em tom crítico às administrações passadas, a governadora mencionou obras e estruturas que encontrou deterioradas ou sem uso. “Ontem entreguei ambulatório novo no Dom Malan. Conversei com gente que trabalha lá há 15, 16, 17 anos e nunca viu um ar-condicionado instalado. A gente inaugurou o centro de estudos novo. Fazia dez anos que parte do prédio estava fechada. Sessenta residentes não tinham lugar para estudar, para dormir, para descansar”, afirmou, reforçando que a saúde é uma das áreas que mais tem recebido recursos nos últimos dois anos.
Sobre críticas relacionadas ao ritmo das entregas, Raquel respondeu dizendo que governa sem olhar para o “lado eleitoral”. “Eu não pergunto quem votou em mim ou deixou de votar para colocar investimento. Nós multiplicamos por quatro o dinheiro da assistência social. O Mães de Pernambuco está presente aqui. Nós entregamos a cem mil mães extremamente vulneráveis R$ 300 por mês, mães de crianças de zero a seis anos que estão na extrema pobreza.”
A governadora também fez referência ao impasse envolvendo a votação dos empréstimos na Assembleia Legislativa, que soma R$ 1,7 bilhão e está travada há 170 dias. “Nós não temos tempo de discutir a eleição, porque estamos governando. E teve muita gente que teve a oportunidade de governar e não entregou aquilo que o governo cobra em dois anos e dez meses. O empréstimo está parado há 170 dias. A demora prejudica Pernambuco. E não é a mim. O dinheiro não é para Raquel. É para reformar hospital, construir creche, melhorar estrada, botar água na torneira das pessoas”, disse.
Raquel Lyra reforçou que sua atuação no governo não está vinculada a interesses privados ou cálculos eleitorais. “Não estou aqui para fazer riqueza, não sou sócia de empresas, eu estou aqui para entregar para a população aquilo que ela não teve ao longo do tempo, para melhorar o serviço de educação, de saúde, para fazer mais estradas, entregar água, para fazer o Estado voltar a crescer.” A governadora destacou ainda que Pernambuco registrou, em setembro e outubro, o maior saldo de empregos formais do Nordeste e lembrou que a economia estadual cresceu 4,7% no último ano. “Nós estamos fazendo estradas, botando água, fazendo qualificação profissional, formando meninos que vão ter a oportunidade de ingresso no mercado de trabalho.”
Atenta aos números sobre os índices de criminalidade do estado, Raquel fez uma defesa enfática dos investimentos na segurança pública e a expectativa de que 2025 deverá fechar como o ano de maior redução da crimes ocorridos em Pernambuco. “Vamos fechar este ano como o melhor ano em segurança pública da nossa história. Estamos com 56% de redução de crime contra o patrimônio em Petrolina e mais de 30% de redução de homicídio. Batemos recorde de operações de combate ao crime organizado no Brasil inteiro”, declarou. Ela destacou ainda a nomeação de policiais e a retomada de delegacias antes fechadas. “Chegamos com o mesmo efetivo de policiais de 30 anos atrás. Nomeamos mais de três mil. Hoje mesmo, quando sair daqui, vou nomear mais 200 e poucos oficiais do Bombeiro Militar.”
A governadora reforçou que o governo estadual retomou obras de infraestrutura que estavam paralisadas há anos. “É de R$ 13 milhões para R$ 100, é de nada para R$ 1 bilhão. Vamos continuar trabalhando e fazendo entrega. Eu fui eleita para isso”, afirmou. Ao final da entrevista, Raquel enviou um recado político amplo, afirmando que discordâncias fazem parte da democracia, mas que o foco deve ser “não atrapalhar Pernambuco”. “Nós vivemos numa democracia, é natural que as críticas existam. Mas é importante que aqueles que têm mandato usem o seu mandato em favor do nosso povo. Que não atrapalhem o desenvolvimento de Pernambuco, porque Pernambuco tem pressa. Ficamos muito tempo para trás.”
A governadora encerrou reforçando que voltará ao Sertão ainda antes do Natal e afirmou estar “feliz por fazer aquilo que ama”. “Tô andando esse estado todo, buscando dinheiro para cá, mas feliz por fazer aquilo que gosto, que sou apaixonada por fazer. É trabalho sério, com gente comprometida, para fazer Pernambuco ser um estado melhor para viver.”



