Raquel Lyra se filia ao PSD e assume presidência estadual do partido em Pernambuco

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A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, oficializou sua filiação ao Partido Social Democrático (PSD) nesta segunda-feira (10), durante um evento no Recife Expocenter, no bairro São José. Com a mudança, ela assume a presidência estadual da legenda, substituindo o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula. O ato contou com a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, além de diversas lideranças políticas.

“Estou muito feliz hoje de poder estar na nova casa. Agradeço ao partido que me acolheu nesses últimos nove anos, mas dizendo que agora é um novo começo. Isso foi muito discutido, mas não era apenas para fazer suspense sobre qual seria meu próximo partido, mas para que a gente pudesse fazer a construção do jeito certo, de maneira madura”, declarou Raquel Lyra durante a cerimônia.

Projeção para 2026

O evento também foi marcado pelo convite público feito por Gilberto Kassab ao ex-governador João Lyra Neto, pai da governadora, para ingressar no PSD. “A governadora assume a presidência estadual do PSD e será muito bem-vinda. Quero aqui fazer um pedido de casamento. Quero saber se o João Lyra aceita também se casar com o PSD e se casar com a legenda? Sim ou não?”, disse Kassab.

João Lyra prontamente aceitou o convite e foi aplaudido pelos presentes.

Ainda durante o discurso, Kassab antecipou uma possível candidatura de Raquel Lyra à reeleição em 2026 e projetou um futuro político ainda mais ambicioso para a governadora. “Mantendo o crescimento que nós estamos vendo, ela caminha para ter, muito possivelmente, uma recondução ao governo de Pernambuco. E escutem, tenho experiência há quase 40 anos de vida pública: a Raquel se reelegendo governadora vai trazer muito orgulho para Pernambuco porque, no dia seguinte, Pernambuco vai começar a sonhar com a hipótese de Raquel ser presidente da República”, declarou.

Em resposta, Raquel Lyra reforçou que sua entrada no PSD não se trata apenas de uma movimentação política estratégica, mas de um alinhamento ideológico. “Não se trata de uma aliança de ocasião, mas uma aliança de propósito, com pessoas que acreditam todos os dias, que trabalham para fazer do nosso país um lugar melhor para viver, com valores inalienáveis e em defesa da democracia, das instituições, de combater e superar a desigualdade”, afirmou.

Mudança estratégica e aproximação com o governo Lula

A filiação de Raquel Lyra ao PSD já havia sido confirmada pelo partido no final de fevereiro e faz parte de um movimento estratégico da governadora. A mudança ocorreu simultaneamente à migração da vice-governadora Priscila Krause para o PSDB, partido que anteriormente abrigava Raquel Lyra. No último domingo (9), Priscila Krause oficializou sua filiação ao partido tucano, deixando o Cidadania após três anos.

De acordo com aliados da governadora, a movimentação tem dois objetivos principais: fortalecer sua base política e estabelecer uma relação mais próxima com o governo Lula (PT). O PSD, que atualmente compõe a base governista no cenário nacional, elegeu o maior número de prefeituras no Brasil em 2024 (878 ao todo) e possui uma bancada expressiva com 44 deputados federais, 14 senadores e três governadores.

Já o PSDB, que passa a ser comandado por Priscila Krause em Pernambuco, elegeu 32 prefeitos no estado em 2024, tornando-se a legenda com o maior número de prefeituras no território pernambucano.

Conforme avaliam interlocutores da governadora, a mudança partidária não garante apoio a Lula em 2026, mas abre margem para que Raquel Lyra adote uma postura mais neutra no próximo pleito. O movimento também evita que o presidente da República se limite a apoiar apenas um nome em Pernambuco, como o prefeito do Recife, João Campos (PSB), caso ele decida disputar o Palácio do Campo das Princesas.