Em entrevista ao Nossa Voz nesta quarta-feira (19), o deputado federal Danilo Cabral, que integra a Comissão Especial da Reforma da Previdência na Câmara, adiantou a estratégia da Oposição para obstruir da pauta na Casa Legislativa e forçar o debate. O parlamentar também comentou sobre a representação feita por ele na Procuradoria Geral da República (PGR) sobre suposto acerto financeiro combinado entre o governo federal e os parlamentares para que a Reforma seja aprovada.
Obstrução da pauta
Danilo Cabral destacou ao Nossa Voz que a Reforma da Previdência precisa ser feita, mas não pode penalizar a parte mais vulnerável da população. Por isso, a Oposição vai investir na obstrução da pauta para retardar a votação, forçar o debate e retirar os pontos mais prejudiciais.
“A obstrução se deve pela discordância desse conjunto de partidos em relação ao conteúdo da Reforma da Previdência. Nós temos colocado, desde o início do debate que nós defendemos o equilibro fiscal. Entendemos que a Reforma da Previdência precisa ser feita. No nosso entendimento, essa conta de R$1 trilhão que o ministro [da Economia] Paulo Guedes coloca como meta nesse conjunto propostas, que estão dentro da reformas, não pode ser paga pela parte mais vulnerável da população brasileira. (…) Na essência a reforma coloca o trabalhador para trabalhar mais e ter o seu benefício reduzido”, justificou Danilo Cabral.
Apesar dos avanços em alguns pontos da reforma, Cabral considera que deixar estados e municípios fora do texto ainda tem um fator complicador. “No nosso entendimento isso é um grande equivoco, nós estamos promovendo um fatiamento da reforma de previdência. Você imagine o que é ter 27 estados da federação tendo cada um o seu regime próprio e, mais do que isso, ter 5.500 municípios do Brasil, cada um discutindo e fazendo um regime próprio da sua previdência. Muito municípios não tem nenhum suporte técnico pra fazer esse debate.
Denúncia PGR
O deputado protocolou uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Onix Lorenzone, solicitando, junto a PGR, que seja investigada uma denúncia feita pela imprensa sobre uma suposta promessa feita pelo governo de destinar R$ 10 milhões, por semestre, a cada parlamentar que apoiar Reforma de Previdência, R$ 15 milhões a cada senador e R$ 20 milhões aos líderes de partido.
“Cabe ao Ministério Público Federal apurar essas denúncias. (…) Quando você soma isso, o governo precisa ter 308 votos na Câmara, 51 votos no senado. Quando você joga isso na conta, estamos falando de quase R$ 20 bilhões. R$ 6 ou R$ 7 bilhões foram cortados das universidades”, destacou o deputado.