Os reservatórios de Sobradinho e Xingó, essenciais para o abastecimento de água e a geração de energia no Nordeste e outras regiões do Brasil, têm sido monitorados intensamente devido ao período de chuvas e às demandas energéticas. Para entender a operação desses reservatórios e seus impactos, conversamos com João Henrique Araújo Franklin Neto, diretor-presidente da Eletrobras Chesf, que detalhou os desafios e previsões para a gestão hídrica e energética da região.
“A bacia do São Francisco tem um período úmido bem definido, que vai de novembro a maio. Nesse período, as chuvas aumentam as vazões e recuperam os reservatórios, especialmente Sobradinho, que é o maior do Nordeste. Atualmente, Sobradinho está com 64% de sua capacidade de armazenamento e recebendo vazões na ordem de 4.700 metros cúbicos por segundo, enquanto libera cerca de 1.100 metros cúbicos por segundo para o médio São Francisco. Isso significa que estamos acumulando mais água do que estamos liberando. Essa condição nos permite atravessar o período seco, que começa em maio e vai até novembro.”
O diretor destacou que as chuvas estão mais concentradas na região do Alto São Francisco, em Minas Gerais, e que a água proveniente dessas chuvas ainda está se deslocando para Sobradinho. Ele também tranquilizou a população:
“É importante destacar a situação de normalidade. Não há cheia na bacia neste momento, e estamos monitorando continuamente as previsões meteorológicas para ajustar as operações e informar a população.”
Sobre a coordenação entre a Chesf e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), João Henrique explicou:
“O ONS é responsável por coordenar o sistema elétrico brasileiro, que é interligado. Isso significa que a região Nordeste pode contribuir com energia para outras regiões e vice-versa. Essa interligação é uma grande vantagem, especialmente porque o Nordeste é um polo de geração de energia renovável, com hidrelétricas, eólicas e fotovoltaicas. Exportamos energia para outras regiões do país, garantindo a segurança energética do Brasil.”
O diretor-presidente também comentou os desafios para equilibrar a gestão energética com a sustentabilidade hídrica:
“Nosso principal desafio é coordenar o uso da água para geração de energia e para atender aos demais usuários da Bacia do São Francisco, como abastecimento humano, agricultura e eventos culturais. Recentemente, ajustamos a vazão para atender procissões em Alagoas e Sergipe, mostrando como nossas operações são coordenadas para atender às diversas necessidades.”
João Henrique também destacou as expectativas para o final do período úmido:
“Com base em estudos e previsões meteorológicas, acreditamos que o reservatório de Sobradinho atingirá cerca de 80% de sua capacidade até o final de maio. Esse percentual é muito bom, considerando o histórico de seca que enfrentamos em 2015, quando o reservatório quase secou. Embora estejamos vivendo um período de chuvas dentro da média histórica, o monitoramento constante nos dá segurança para atender tanto as necessidades energéticas quanto hídricas.”
A Chesf acompanha de perto as previsões meteorológicas para ajustar as operações de Sobradinho e garantir segurança hídrica e energética. “Trabalhamos com diversos institutos de meteorologia para prever como as chuvas influenciarão as vazões e o acúmulo de água. A expectativa é que Sobradinho atinja 80% de armazenamento até o final do período úmido, o que nos dá confiança para o restante do ano”, afirmou.
A população ribeirinha pode se tranquilizar, já que, segundo a Chesf, não há previsão de cheia na bacia do São Francisco neste momento. “Nosso trabalho é garantir a segurança de todos, tanto no abastecimento de água quanto na geração de energia. Seguiremos monitorando e informando a população sempre que necessário”, concluiu o diretor.