(Foto: Nilzete Brito/Ascom CMP)
Durante a apreciação, na sessão desta terça-feira (09), na Câmara Municipal de Petrolina do projeto de Lei que assegurou a implantação do piso salarial dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias da cidade, o vereador Ronaldo Silva fez um desabafo sobre o caso da menina Maria Eduarda. Internada no Dom Malan, a criança de 13 anos contraiu uma infecção hospitalar e precisava ser transferida para uma UTI. Seu nome foi incluído na Central de Regulação de Leitos da rede PEBA, mas a vaga não chegou a tempo e ela faleceu no último sábado (06), gerando comoção e revolta na população.
“É um dia de tristeza pela perda de uma criança, Maria Eduarda, que perdeu sua vida aqui no hospital esperando um leito de UTI. Meu Deus do Céu, onde vamos parar? Uma falta de sensibilidade, uma falta de amor dos governantes. O político só não faz se não quiser, ele se esforce porque não é justo, minha gente. Uma criança, começando a vida, perder sua vida por falta de um leito de UTI. Vamos fechar os olhos aqui, nós desta Casa, e nos colocar no lugar dos pais desta criança, nos colocar do outro lado. O que seria da gente? Eu tenho uma filha de 16 anos, imagina aqui, meu Deus do Céu, eu perder minha filha por falta de uma UTI… É falta de vontade política”, disparou.
Para Silva, a Prefeitura de Petrolina deveria ter assumido o caso assegurando o internamento da menina em uma Unidade de Terapia Intensiva. “Se a rede PEBA não conseguiu, o município poderia fazer isso. Porque o município pagou há pouco tempo, R$ 1 milhão para um cantor cantar aqui no São João de Petrolina, não poderia pagar apenas R$ 2.500,00 num leito de UTI? Seja onde for, mas pudesse fazer a sua parte. Eu quero fazer um desafio a esta casa para que, se tem algum dos vereadores ainda que tem coragem de defender e achar que eu não estou com a verdade. Porque não é justo. Eu conversei com, dona Dulce Delmondes todos os dias, acompanhando a regulação e o sofrimento daquela mulher. Eu acompanhei de perto e o município não fez nada”, lamentou.
Indignado, ele cobrou sensibilidade do prefeito Simão Durando. “Ô prefeito sem coração, ô prefeito sem sensibilidade. Pelo amor de Deus, vamos ser sensíveis minha gente, vamos cuidar das nossas pessoas. A criança vivia em Petrolina, no Vivendas. Petrolina está de luto”, sentenciou.
O pronunciamento de Ronaldo Silva gerou reações na bancada de situação. Entre elas a do vereador Zenildo Nunes que atribuiu a responsabilidade ao governo do estado. “Não podemos misturar o São João com saúde não. A criança estava no Dom Malan, era obrigação do governo do estado”, apontou.
Na manhã da próxima quinta-feira (11), haverá uma manifestação popular pelo ocorrido a Maria Eduarda. A concentração está marcada para as 7h da manhã, na Praça 2 de Setembro, seguindo em direção ao Hospital Dom Malan. Os manifestantes também irão à Câmara Municipal de Petrolina para solicitar uma audiência pública e por fim, levarão um documento ao Ministério Público Federal solicitando a apuração de possíveis negligências ocorridas naquela unidade de saúde.
Através nota encaminhada ao Nossa Voz, o HDM se manifestou sobre o assunto:
A direção do Hospital Dom Malan (HDM) esclarece que a paciente Maria Eduarda Delmondes deu entrada na unidade no dia 06 de julho de 2022, transferida do Hospital São Lucas, localizado no município de Juazeiro, na Bahia.
A paciente apresentava diversas graves comorbidades, como obesidade, hipotireoidismo, anemia, cisto ovariano e ausência do rim direito. Além disso, desde o final de 2020, se queixava de fortes dores abdominais crônicas, com relatos de febre e vômitos diários nos últimos três meses.
No Hospital Dom Malan, a paciente passou por três procedimentos cirúrgicos, além de exames de imagens como ultrassons e tomografias de tórax e crânio. Também foi acompanhada por médicos especialistas nas áreas de endocrinologia, cirurgia pediátrica, cardiologia, além de intensivistas pediátricos. A paciente, inclusive, fez medicação para hipertermia, já que o HDM é o único serviço do SUS na Região a oferecer este tipo de tratamento.
Mesmo com toda essa assistência, a paciente apresentou uma piora no quadro clínico, sendo inserida no sistema de regulação da Central Interestadual de Regulação de Leitos (CRIL).
No entanto, é importante deixar claro que no Hospital Dom Malan a paciente estava recebendo suporte na Sala Vermelha, setor especializado da emergência, similar a uma unidade intensiva, com aparelhos de ponta e suporte médico 24 horas por dia.
Infelizmente, apesar de todo o esforço da equipe, diante da gravidade de seu quadro, a adolescente veio a óbito no dia 06 de agosto,
A direção do Hospital Dom Malan lamenta profundamente a perda, se solidariza com a família neste momento de dor, e está à disposição para outros esclarecimentos.