Ronco pode prejudicar a saúde e até relações pessoais, alerta o médico Lucas Macedo

0

O ronco, considerado pela medicina um dos principais sinais da apneia do sono, já é identificado como uma das causas mais relevantes de hipertensão arterial sistêmica e outros problemas de saúde graves. Esse foi o tema debatido nesta segunda-feira (30), no programa Nossa Voz, da Rádio Grande Rio FM, com o médico otorrinolaringologista Dr. Lucas Macedo.

Na entrevista, o especialista destacou a importância de se observar o ronco como um alerta do organismo. “O ronco sinaliza que há algo errado. Geralmente, está associado à apneia do sono, que ocorre quando o indivíduo não consegue manter a respiração adequada durante o sono. Nas últimas décadas, observamos um aumento significativo da apneia, especialmente relacionado ao excesso de peso, sobrepeso e obesidade”, explicou.

O Dr. Lucas também detalhou as consequências da apneia do sono para o organismo. “Quando o oxigênio não chega de forma eficiente, todo o corpo sofre. No sistema nervoso, por exemplo, a falta de oxigenação prejudica a consolidação da memória, diminui a atenção e causa sonolência durante o dia. Além disso, aumenta o risco de hipertensão arterial, diabetes, infarto e AVC.”

O médico explicou ainda que, durante o sono, o corpo realiza funções vitais, como a produção do hormônio do crescimento em crianças. “Muitas vezes, crianças que roncam apresentam crescimento ou ganho de peso inadequados. Após o tratamento, elas voltam a se desenvolver normalmente”, disse.

Dr. Lucas ressaltou que o diagnóstico correto é essencial para o tratamento. “O exame de polissonografia é o padrão. Ele pode ser feito em clínicas ou no conforto de casa, dependendo do paciente. É por meio desse exame que classificamos a gravidade da apneia. Se o paciente apresenta até cinco episódios de apneia por hora, é considerado aceitável. Acima disso, já há prejuízos à saúde.”

Sobre o tratamento, o médico explicou que ele pode ser multifatorial. “Perder peso, fazer exercícios físicos, evitar álcool, cigarro e alimentos gordurosos são medidas importantes. Em casos mais graves, há o uso do CPAP, que é o aparelho que mantém o fluxo de oxigênio durante o sono. Também existem tratamentos como dispositivos intraorais, cirurgias para corrigir problemas respiratórios e injeções no palato para reduzir a vibração.”

O impacto do ronco vai além da saúde. Dr. Lucas relatou casos em que o problema afetou a convivência familiar. “Já vi pacientes perderem o casamento por causa do ronco. Costumo brincar dizendo que estamos salvando relacionamentos. É mais comum em homens, e eles geralmente buscam ajuda porque incomodam a parceira ou os filhos, que sinalizam que há algo errado.”

Ele orientou, ainda, como agir ao presenciar alguém roncando intensamente durante o sono. “A melhor abordagem é pedir para a pessoa deitar de lado, o que pode aliviar momentaneamente. Porém, o ideal é procurar atendimento médico para avaliar a causa do problema.”

O ronco primário, que ocorre sem apneia do sono, também foi abordado. “Nesses casos, ele não gera prejuízos significativos à saúde. Existem tratamentos específicos, como dispositivos que tracionam a mandíbula ou injeções no palato”, concluiu.

Dr. Lucas Macedo reforçou a importância de se buscar orientação médica em casos de ronco persistente, enfatizando que a qualidade do sono é essencial para a saúde e o bem-estar geral.