São João de Petrolina termina com baixa criminalidade e reforço em segurança pública

0

O ciclo junino de Petrolina, que segue até o próximo dia 29 com a Missa do Vaqueiro, foi marcado por baixos índices de violência durante os dias de evento no Pátio Ana das Carrancas. A avaliação preliminar foi apresentada nesta quarta-feira (25) pelo secretário executivo de Segurança Pública do município, coronel Luís Cláudio, que classificou a operação como positiva e destacou a atuação integrada entre as forças de segurança.

Durante os nove dias principais de festa no pátio, que reuniu mais de 80 mil pessoas por noite, não foram registrados crimes considerados graves. A maior ocorrência foi o furto de celulares — cerca de 200 boletins de ocorrência foram registrados.

“Tivemos uma operação bem-sucedida, com muita movimentação, mas sem registro de ocorrências de vulto. Foi uma festa com muita alegria e, principalmente, paz. É claro que ainda não temos os dados consolidados, mas o levantamento preliminar com SAMU e Polícia Civil já aponta para um São João tranquilo.”

Entre os recursos utilizados para garantir a segurança, estiveram o videomonitoramento com cerca de 100 câmeras em pontos estratégicos da cidade, drones com alcance ampliado e a instalação de um Centro Integrado de Comando e Controle, que acompanhou as movimentações em tempo real. A atuação conjunta envolveu Guarda Civil Municipal, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Bombeiros.

“Os drones foram fundamentais para monitoramento de áreas de grande aglomeração, permitindo acompanhar o fluxo de pessoas e detectar movimentações suspeitas. Em algumas situações, a Polícia Civil conseguiu efetuar prisões em flagrante, inclusive por tráfico de drogas próximo ao pátio”, explicou o coronel.

Apesar da estrutura, o furto de celulares continua sendo um dos principais desafios enfrentados pelas forças de segurança. O secretário informou que quadrilhas especializadas chegaram a se deslocar até a cidade com esse objetivo.

“Infelizmente, esse é um problema nacional. Tivemos algumas prisões em flagrante, inclusive de pessoas com mandados abertos. Nossas equipes de inteligência já atuavam com informações sobre essas quadrilhas e conseguimos impedir uma atuação mais intensa”, disse.

Além do efetivo presencial, o evento contou com sistema de reconhecimento facial. Nenhuma prisão foi efetuada com base nesse recurso, mas houve detecções com até 86% de assertividade, que foram verificadas pelas equipes no local. Em todas elas, os mandados de prisão já estavam expirados ou não correspondiam à pessoa abordada.

“Consideramos a partir de 90% para uma detecção acionável. Não atingimos esse nível, mas monitoramos os casos próximos e fizemos checagem em campo com base nos dados compartilhados com a SDS-PE e a SSP-BA”, completou.

Outra frente de atuação foi o disciplinamento urbano. A Guarda Civil Municipal realizou mais de 150 abordagens a ambulantes, especialmente no entorno do evento, para coibir o uso de recipientes de vidro e latas — considerados riscos potenciais em caso de tumultos.

A operação também envolveu rondas nos bairros próximos ao evento, como o KM-2, que concentra grande parte do fluxo de entrada e saída de pessoas. O reforço de policiamento no local havia sido demandado por moradores desde edições anteriores.

Incidentes fora da área do evento

Durante os festejos, um caso envolvendo a morte do empresário Erlon Oliveira, no bairro José e Maria, gerou especulações em redes sociais e até na imprensa de outros estados sobre sua suposta relação com o São João. O secretário negou qualquer vínculo com o evento.

“Infelizmente, às vezes pessoas sem responsabilidade acabam espalhando informações falsas. Aquele incidente se deu a muitos quilômetros do pátio, na entrada do José e Maria. Já houve prisões relacionadas a esse caso e a Polícia Civil está cuidando da apuração”, afirmou, ao repudiar a tentativa de relacionar o caso ao evento.

A equipe de segurança também monitorou situações em pontos de ônibus e nas vias de acesso ao evento, onde foram registrados pequenos tumultos. A atuação das forças foi reforçada nesses locais a partir dos relatórios diários compartilhados entre os órgãos.

Luís Cláudio ressaltou ainda a importância da participação da população, que, segundo ele, é o “parceiro mais importante” para o sucesso de qualquer grande evento. A colaboração com o registro de celulares no sistema “Alerta Celular”, por exemplo, foi destacada como essencial para recuperação de aparelhos furtados.

“Tivemos um quiosque da Polícia Militar na entrada do pátio para quem quisesse fazer o cadastro do telefone. Isso não evita o furto, mas ajuda muito na recuperação e investigação. A população tem que ser parceira, desde a saída de casa até a volta, porque não dá para estar em todo lugar ao mesmo tempo.”

A operação de segurança contou com a integração entre instituições estaduais e federais, como a Polícia Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros, além da cooperação com os estados vizinhos. Segundo o coronel, houve acesso ao banco de dados de mandados de prisão em aberto de Pernambuco e da Bahia, o que possibilitou maior eficiência nas abordagens.

A tecnologia também foi uma grande aliada. Hoje, Petrolina conta com cerca de 100 câmeras de videomonitoramento espalhadas pela cidade, número que deve crescer até o fim do ano.

“Estamos em processo de licitação para ampliar esse sistema com mais câmeras e maior capacidade tecnológica. A busca forense, com auxílio da inteligência artificial, está entre os recursos que vão ser incorporados ao nosso sistema de segurança”, completou.