A falta de segurança no Centro de Petrolina é uma preocupação constante e tem afetado os comerciantes dessa região da cidade. À noite, quem circula pelas ruas centrais se depara com uma realidade marcada por uma sensação de vulnerabilidade e incerteza quando a conservação do patrimônio privado na cidade. Em entrevista ao Nossa Voz desta quarta-feira (03), o presidente do Sindicato dos Comércio Varejista, Joaquim de Castro, relatou a preocupação da categoria, mesmo após reiterados encontros com os agentes da segurança pública que atuam na cidade.
“Esse é o grande problema. Já fizemos reuniões com todas as autoridades, menos com os integrantes do Ministério Público e do Judiciário, que não têm participado apesar de terem sido convidados. Porque esse não é um problema que pode ser resolvido localmente”.
Castro faz um contraponto entre o número reduzido de ocorrências no São João de Petrolina e os constantes registros de crimes cometidos contra os estabelecimentos comerciais. “Pode haver alguma melhora com os esforços e temos como exemplo um evento do porte do São João de Petrolina. Como há um esforço concentrado de todas as autoridades de segurança, você consegue fazer um evento desse tamanho com poucas ocorrências, porque esse esforço concentrado evita que a delinquência consiga atuar nesse momento. Quando você vai para o dia a dia, na rotina, nós temos mais dificuldades do que num evento grande desses”.
Os relatos de arrombamento e invasões aos estabelecimentos comerciais são frequentes, criando um ambiente de desconfiança e medo. A presença policial, embora existente, muitas vezes não é suficiente para garantir a tranquilidade necessária.
Nesse contexto, os comerciantes se veem limitados em suas atividades, segundo o relata o presidente do Sindilojas.”Nós temos dificuldades em ampliar o horário de funcionamento do comércio, porque os comerciantes não se sentem seguros de ficar com a loja aberta até mais tarde. As pessoas que estão em situação de rua, circulando pelo Centro, todos os dias praticam crimes. Às vezes, a polícia consegue atuar, prende, mas no mesmo dia o suspeito é solto e retorna para o Centro da cidade. Então, são dificuldades em que existe a necessidade das autoridades se unirem em torno desse problema”.
Além dos assaltos, episódios de vandalismo e pequenos delitos também são relatados com frequência, impactando a qualidade de vida dos residentes e o fluxo econômico da região central da cidade. O problema é que os chamados “crimes de menor potencial ofensivo” resultam na rápida liberação dos suspeitos, dando aos efetivos policiais a sensação de estar “enxugando gelo”.
“A gente percebe que é um esforço que não surte resultado. Porque estamos limitados pelas ações do Ministério Público, do Judiciário, que eles certamente dirão que ocorre em função da Lei. Mas, quem mais tem autoridade para dizer se uma Lei está funcionando ou não, é quem a aplica. Então, se a polícia descobre que uma Lei está prejudicando o trabalho dela ou impedindo que ele seja realizado com eficiência, eu acho que cabe, não ao policial, mas aos órgãos de representação da categoria, indicarem a mudança dessa norma”, opinou Castro.
Joaquim reconhece que as autoridades locais têm ciência do problema e têm buscado implementar medidas para combater a criminalidade. No entanto, ele aponta que a solução para a falta de segurança no centro de Petrolina requer um esforço conjunto entre governo, comunidade e demais atores sociais, visando não apenas a repressão ao crime, mas também o investimento em políticas públicas de inclusão social e desenvolvimento econômico.
“Se o Judiciário tem dificuldades e está vendo que as decisões que ele é obrigado a tomar em função da Lei, não surte o efeito desejado, cabe ao Conselho Nacional de Justiça, ou outros órgãos que representam esse setor, propor que a Lei seja alterada para que possa promover a eficiência no trabalho que eles realizam. Se isso não acontece, eu acho que a gente passa a ter um certo sentimento de que há omissão nessas questões. Porque se o resultado não é positivo, se a cada dia esses índices pioram, certamente, alguma coisa está falhando. Pode ser a Lei, pode ser a atuação da autoridade”, finalizou.