Secretário de Defesa Social pede desculpas a mulher que denunciou estupro em posto policial e afasta suspeito: ‘Repugnamos de forma veemente’

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O secretário estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho, informou, nesta terça-feira (14), que afastou os três policiais que estavam no posto do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv) no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, onde uma mulher denunciou ter sido estuprada por um PM na semana passada.

“Ele já foi afastado, junto com a equipe que estava com ele na ocorrência, das ruas. Nós estamos dando prioridade total na instrução, seja do ponto de vista pericial, a perícia está trabalhando nisso com prioridade. Nós deveremos agilizar as oitivas, o reconhecimento pessoal, e vamos trabalhar para que, comprovando o fato, ele seja encaminhado à Justiça o quanto antes para responder pelos atos dele”, afirmou, em entrevista coletiva.

O secretário disse, ainda, que “a primeira palavra” dele para a mulher é de desculpas pelo fato de o crime ter sido praticado por um agente do estado.

“Minha primeira palavra é de solidariedade, de desculpa. É um fato inadmissível o que foi narrado, o que foi registrado. Uma violência praticada por um agente do estado no interior de uma repartição, mas eu quero dizer que isso é uma exceção. As polícias de Pernambuco são formadas por pessoas muito qualificadas e não é esse o procedimento. Nós repugnamos isso de forma veemente e todas as providências estão sendo tomadas”, declarou.

Também nesta terça-feira (14), a mulher que denunciou o caso foi à Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), que fica no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Derby, na área central do Recife, para fazer o reconhecimento do agente que praticou o abuso sexual.

Segundo a defesa da mulher, apenas dois dos três PMs que estavam de plantão no momento do crime compareceram. Eles não foram reconhecidos por ela.

Ao g1, a mulher, que pediu para não ser identificada, e a advogada Maria Júlia Leonel disseram que, quando chegaram ao quartel, foram informadas de que o terceiro suspeito estava de licença médica e, por isso, um novo procedimento de reconhecimento foi remarcado para sexta (17).

A mulher disse que já havia reconhecido o suspeito por foto durante depoimento na Delegacia da Mulher do Cabo, onde registrou um boletim de ocorrência. Apesar disso, a polícia solicitou que ela fosse ao quartel para confirmar a identidade do policial presencialmente.

“Isso (o reconhecimento presencial) é um dos elementos de prova […]. Mas existem outras formas de coleta de prova. Material genético, eles se negaram a dar. Eles não quiseram fornecer material genético de maneira espontânea. Nenhum deles”, informou a advogada.

Segundo Maria Júlia Leonel, é possível que o terceiro suspeito que faltou ao reconhecimento não seja o homem que cometeu o crime.

“O policial que não veio hoje foi intimado, o batalhão ao qual ele pertence foi intimado para o comparecimento dele e que fosse feito um novo reconhecimento […]. Não necessariamente o policial que não estava presente é o acusado, porque existe essa possibilidade da troca informal entre plantões”, explicou.

Fonte: G1 Pernambuco