Cada semente guardada com responsabilidade representa um passo para restaurar a Caatinga. Foi com essa mensagem que o analista ambiental sênior do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA/Univasf), Fabrício Silva, conduziu sua palestra durante o VIII Workshop de Sementes e Mudas da Caatinga (WSMC), realizado no último dia 29 de agosto, dentro da 11ª edição do Semiárido Show promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O evento, que desde 2008 se tornou referência no debate sobre restauração ecológica, reuniu pesquisadores, estudantes, produtores e comunidades para discutir o papel estratégico das sementes no futuro do Semiárido. Em 2025, a edição teve como tema “Como restaurar a Caatinga com o conhecimento da tecnologia de sementes” e trouxe uma programação voltada para coleta, beneficiamento, armazenamento, qualidade, germinação e redes comunitárias de sementes.
Em sua apresentação, Fabrício percorreu o caminho das sementes, do planejamento e das técnicas de coleta ao manejo pós-coleta, incluindo etapas de secagem e armazenamento. Ele ressaltou os cuidados necessários para assegurar qualidade, viabilidade e diversidade genética, fundamentais para a restauração ecológica da Caatinga. O especialista destacou ainda inovações que vêm sendo aplicadas no território, como a atuação de redes comunitárias de coletores, a criação de bancos regionais de sementes e o uso de tecnologias de monitoramento. Para Fabrício, esses avanços mostram que a restauração do bioma depende tanto de conhecimentos científicos quanto do engajamento das comunidades locais.
“Quando olhamos para uma semente, enxergamos mais do que uma possibilidade de germinação. Ela guarda histórias, identidades, culturas e, sobretudo, a esperança de um Semiárido mais resiliente e diverso. Nosso desafio é garantir que cada etapa, da coleta ao armazenamento, seja feita com rigor e responsabilidade, pois só assim conseguiremos devolver à Caatinga sua força natural. Hoje temos exemplos inspiradores de comunidades que se organizam em redes de coletores, que trocam saberes e se fortalecem mutuamente. Essas experiências nos mostram que a restauração ecológica é também um ato de união, de respeito ao território e de compromisso com as futuras gerações”, afirmou Fabrício.
Mais do que apresentar aspectos técnicos, a fala reforçou que as sementes carregam não apenas a possibilidade de reflorestar o Semiárido, mas também o compromisso com um futuro sustentável. Para o coordenador do NEMA, professor Renato Garcia, o workshop tem cumprido um papel fundamental ao longo dos anos. “Esse evento é um espaço de troca e construção coletiva, onde ciência, tecnologia e tradição se encontram. O NEMA tem orgulho de contribuir para fortalecer a restauração da Caatinga e reafirmar que o Semiárido pode ser um território de inovação, conservação e futuro sustentável”, destacou. (Cemafauna/Univasf/Fotos: Rovani Araújo)