Categoria reclama de falta de diálogo com a gestão e alerta para desvalorização da enfermagem e multiprofissionais
Servidores da Saúde de Juazeiro cobram da prefeitura a instalação de uma mesa permanente de negociação para discutir pautas salariais, condições de trabalho e segurança jurídica. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (SINTRAB), apesar de ofícios enviados desde janeiro, a gestão não atendeu ao pedido.
“Encaminhamos em janeiro um ofício ao prefeito Andrei Gonçalves, ao secretário de Saúde Helder Coutinho e à secretária de Administração Ana Angélica Lima para restaurar a mesa de negociação permanente”, disse Ronivaldo Ferreira, representante da comissão de servidores.
Ele afirma que a proposta era debater reivindicações e encaminhar soluções a curto, médio e longo prazo. “Mas isso não aconteceu. Já estamos em outubro, quase no fim do ano, e a mesa não foi instaurada. Houve reuniões, mas nada avançou”, criticou.
Entre as principais queixas está a situação da enfermagem. Leonice de Souza, diretora do sindicato, lembrou que o piso foi transformado em complemento salarial e segue congelado.
“O piso é constitucional, mas o município não cumpre. Hoje, ele funciona como complemento e não acompanha reajustes salariais. Então, a cada aumento, ele fica parado”, explicou.
Segundo ela, apesar de não ser incorporado, o valor sofre incidência de impostos e contribuições. “O desconto é feito para o Imposto de Renda e para o IPJ, mas o servidor não vê o benefício. É perda atrás de perda”, disse.
Leonice também cobrou promessas de campanha do atual prefeito. “Nós apoiamos Andrei na esperança de que revertesse essa situação. Ele prometeu, mas até agora nada foi resolvido. A enfermagem já não quer mais esperar”, afirmou.
Para Marinalva Alves, servidora de Juazeiro e integrante do movimento, as perdas salariais atingem toda a rede.
“Temos um piso que não é piso, é complemento. Ele não foi incluído no plano de carreira, então não acompanha a inflação. O resultado é que só acumulamos perdas”, destacou.
Ela defendeu que a categoria mantenha união em torno das reivindicações. “O técnico de enfermagem em Juazeiro está infeliz porque não tem seus direitos respeitados. Nós queremos que o prefeito abra a mesa de negociação e cumpra o que prometeu”, disse.
O sindicato também questiona a implantação do modelo de cogestão na saúde municipal.
“Quando o município não valoriza o servidor efetivo de carreira e, ao mesmo tempo, traz um modelo de cogestão, ficamos inseguros sobre o futuro”, afirmou Ronivaldo.
Segundo ele, a entidade vai fiscalizar o processo. “Se houver descumprimento das leis, o sindicato vai denunciar e, se necessário, entrar com medidas judiciais para impedir práticas que prejudiquem a população e os servidores”, completou.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Juazeiro, mas até a última atualização não obteve resposta.