Sessão da Câmara de Petrolina tem embate após rejeição de requerimentos sobre gastos públicos e ações hídricas

0

Mesmo com 20 projetos do Legislativo em pauta e a presença do presidente da UVP, Léo do Ar, foi a rejeição de dois requerimentos — um sobre investimentos na zona rural e outro sobre um contrato de R$ 5,9 milhões em marketing digital — que polarizou o plenário da Câmara Municipal de Petrolina, na sessão desta terça-feira (25).

O primeiro embate ocorreu com a votação do requerimento do vereador Gilmar Santos, que solicitava informações detalhadas ao Executivo sobre mais de R$ 41 milhões previstos entre 2022 e 2025 para construção de cisternas, perfuração de poços e implantação de sistemas adutores.

Na sequência, foi analisado o requerimento de Dhiego Serra, que pedia a gravação integral da sessão pública referente ao processo licitatório de contratação de uma agência de marketing digital no valor de R$ 5.999.780,00.

O vereador Ronaldo Silva pediu que o item fosse votado em destaque e fez um dos discursos contundentes em defesa da solicitação. “Isso não é justo. Usar o dinheiro da população, do servidor que não tem aumento, para contratar uma empresa de 6 milhões de reais para fazer propaganda política. E o povo que fique em segundo plano. Isso é vergonhoso para nossa cidade.”

Ronaldo voltou a criticar a gestão passada e mencionou casos polêmicos ocorridos em eleições anteriores. “Foi desses contratos que encontramos, na eleição passada, os fantasmas do gabinete do prefeito. Tinha fantasma em Xexéu, em Palmares, em várias cidades. E o funcionário público sofrendo sem aumento.”

O vereador Gilmar Santos, que teve sua proposta de investigação sobre os projetos de abastecimento de água no interior rejeitada por 14 votos a 3, reagiu de forma dura e também comentou a proposta de Serra. “Não existe moral aqui dos vereadores para discutir questões hídricas. As responsabilidades são do município, assim como do governo do estado. Quando é do governo do estado aprovam tudo para usar politicamente. Quando é para assumir a responsabilidade do município, rejeitam para acobertar sabe-se o quê.”

A fala provocou incômodo imediato na bancada governista e foi o estopim para a manifestação de uma divergência da sessão.

Isso porque a orientação inicial do líder do governo, Diogo Hoffmann, era de que a base não se manifestasse para evitar prolongar o debate. Mas, após a fala de Santos, o vereador Ronaldo Cancão pediu a palavra e rompeu publicamente a orientação.

Ele afirmou que não aceitaria ser classificado como alguém sem autoridade moral para falar sobre abastecimento de água. “Eu não vou ser chamado de vereador que não tem moral. Eu tenho moral. Para falar de interior, de água, de adutora, eu tenho. O estado abandonou a zona rural. Quem fez foi o município.”

Cancão citou números de obras executadas pelas gestões Miguel Coelho e Simão Durando, reforçando os investimentos. “Lá tem 320 km de adutora feitos pelo governo municipal. Tem mais de 4.600 cisternas entregues. Tem mais de 1.600 poços perfurados. Muito foi feito na zona rural.”

No fim da discussão, Dhiego Serra reforçou a cobrança por transparência no contrato de marketing digital. “É a farra do dinheiro público. Enquanto dentistas, fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos lutam por dignidade, o município lança contrato de 6 milhões. A ordem aqui é o silêncio, é a mordaça. Mas queremos saber para onde vai o dinheiro do povo.”

Mesmo assim, o requerimento também novamente rejeitado com larga maioria: 17 votos contrários e apenas três favoráveis (Gilmar, Dhiego e Ronaldo).