Dois requerimentos apresentados por vereadores da oposição acenderam os ânimos e desencadearam um debate acalorado na Câmara Municipal de Petrolina nesta terça-feira (3). As solicitações, que pediam esclarecimentos sobre a abertura de um crédito suplementar de mais de R$ 8 milhões e o contrato de patrocínio da casa de apostas no São João 2025, foram rejeitadas por ampla maioria: 16 votos contra e apenas 3 a favor.
O requerimento nº 0315/2025, de autoria do vereador Gilmar Santos, questionava a realocação de R$ 7,1 milhões para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação – pasta responsável pela realização do São João.
Já o requerimento nº 0317/2025, protocolado por Dhiego Serra, tratava diretamente da polêmica envolvendo o patrocínio da empresa Bet7K. O vereador cobrou cópia do contrato firmado, valores investidos, critérios legais e responsabilidade social na publicidade da marca em espaços públicos.
As duas proposições provocaram reações imediatas da base governista. O líder da situação, Diogo Hoffmann (PSC), orientou voto contrário aos requerimentos e minimizou a polêmica. “A empresa venceu um processo concorrencial com ampla divulgação. Poderia ter sido a Coca-Cola, a Itaipava ou a Gerdau. Não podemos barrar uma empresa legalmente constituída por conta de convicções pessoais”, afirmou.
Durante os embates, Gilmar Santos usou um tom mais incisivo e desafiador, criticando o que chamou de “hipocrisia institucional”. “Quem é que realmente crê em Deus nessa casa? Quem está usando o nome de Deus em vão para justificar negócios escusos? Espero que um dia respondam, se não ao povo, ao próprio Deus”, disparou.
A fala provocou reação imediata de Hoffmann, que acusou o petista de desrespeitar a fé alheia. “Isso aqui não é tribunal celestial. O vereador quer decidir quem vai ou não para o céu? Tenha santa paciência. Estamos discutindo política pública, não salvação”, rebateu.
O vereador Ronaldo Cancão (Republicanos) foi além e classificou o requerimento de Serra como “equivocado”, dizendo que o pedido deveria ser direcionado à empresa, não à prefeitura. “O Executivo não tem obrigação de responder por contratos que não celebrou diretamente. Voto contra”, justificou.
O debate foi encerrado em meio ao tumulto, após Serra pedir direito de resposta às declarações de Cancão e ser impedido de falar pelo presidente em exercício, Gilberto Melo, que encerrou os embates e cobrou respeito à mesa diretora.
Votaram a favor dos requerimentos:
Dhiego Serra
Ronaldo Silva
Gilmar Santos
Votaram contra:
Roberto da Gráfica
Rosarinha Coelho
Cláudia Ferreira
Manoel da Acosap
Aero Cruz
Gaturiano Cigano
Wanderley Alves
Josivaldo Barros
Marquinhos Amorim
Diogo Hoffmann
Capitão Alencar
Major Enfermeiro
Júnior Gás
Zenildo do Alto do Cocar
Rogério Passos
Ronaldo Cancão
Tudo isso ocorria em meio a uma plateia lotada por moradores do Loteamento Topázio, que foram à Câmara de Petrolina cobrar apoio dos vereadores para a regularização fundiária da comunidade. Enquanto o clima entre os parlamentares esquentava, os moradores do observavam frustrados com a falta de atenção ao motivo de sua presença.
Nenhum requerimento relacionado à regularização fundiária foi pautado ou discutido com profundidade durante a sessão. Mesmo após a manifestação da população que cobrou espaço de fala na “Casa do Povo”, a urgência da situação enfrentada pelas famílias não foi colocada como prioridade pelos vereadores.