Setembro é o mês em que a cor dourada ganha destaque na luta pela vida. A campanha Setembro Dourado tem como objetivo conscientizar sobre o câncer infantojuvenil, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para aumentar as chances de cura. Em Petrolina, o Hospital Dom Tomás (HDT) é referência para o atendimento de crianças e adolescentes com câncer, sendo responsável pelo acolhimento de famílias de 53 municípios de Pernambuco e Bahia.
Na linha de frente desse trabalho, a oncopediatra Dra. Michele Viana destaca os desafios e avanços no enfrentamento da doença. Em entrevista ao programa Nossa Voz, nesta segunda-feira (22), ela lembrou que o câncer infantil já é a principal causa de morte por doença entre crianças no Brasil.
“O câncer infantil hoje já é a primeira causa de óbito em crianças por doenças. Os principais sinais e sintomas imitam doenças simples da infância, como febre persistente, dores e manchas pelo corpo. Por isso, o segredo é que a criança seja acompanhada de perto pela equipe de saúde. Se esses sintomas persistirem, o diagnóstico pode ser feito mais rápido e sem atrasos”, explicou.
Apesar das campanhas nacionais e internacionais, a médica reconhece que ainda existe resistência em aceitar a possibilidade de câncer em crianças, tanto entre famílias quanto em equipes de saúde.
“Ainda é um tabu pensar que criança pode ter câncer. Trabalhamos para capacitar médicos e equipes de atenção básica, porque muitas vezes a febre ou as dores são vistas como algo passageiro. Mas quando persistem, podem ser sinais da doença. A informação é fundamental para salvar vidas”, reforçou.
Segundo ela, as leucemias são os tipos mais frequentes de câncer infantil, seguidas de tumores sólidos como neuroblastomas, linfomas e tumores de Wilms. Embora agressivas, as doenças têm altas taxas de cura quando descobertas no início.
Um ponto de orgulho, segundo a oncopediatra, é que os pacientes do HDT recebem protocolos idênticos aos aplicados em centros de referência nacionais.
“As crianças que fazem tratamento no Dom Tomás seguem os mesmos protocolos que em Recife ou São Paulo. Isso é motivo de alegria, mas também de preocupação, já que o hospital depende do repasse do SUS e de doações para manter os serviços. Muitos medicamentos de alto custo não são cobertos pelo valor repassado, por isso ações solidárias são tão importantes”, disse.
Atualmente, um dos avanços mais aguardados é a inauguração do setor de radioterapia, o que evitará que famílias precisem viajar até 800 km para realizar o procedimento em Recife ou Salvador.
Além do tratamento clínico, o HDT aposta em um atendimento multidisciplinar que envolve médicos, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e atividades lúdicas.
“Acolher os pais e esclarecer cada etapa do tratamento fortalece a família. Temos atividades como a ecoterapia e a cão-terapia, que ajudam a tornar esse processo doloroso mais leve para as crianças”, explicou.
Mobilização social: rifa solidária em prol do HDT
Para manter os atendimentos, o hospital depende de doações e iniciativas solidárias. Uma das mais recentes é a rifa de um terreno, com sorteio previsto para outubro.
“Essa rifa é fundamental para custear tratamentos de alto custo. Quem quiser ajudar pode acessar o Instagram do hospital (@hospitaldomtomas) ou o site oficial para adquirir os bilhetes. É uma iniciativa séria, que fortalece o hospital e pode até realizar o sonho da casa própria para quem ganhar”, destacou a médica.
Apesar dos avanços, Dra. Michele reforça que a informação ainda é a principal arma contra o câncer infantojuvenil:
“Muitas pessoas ainda perguntam se Petrolina tem tratamento para câncer infantil. Tem sim, e de qualidade. As crianças agradecem todo o apoio da população”, concluiu.
