Setembro Vermelho: cardiologista alerta para prevenção das doenças cardiovasculares

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As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil, com cerca de 400 mil óbitos por ano, o que representa uma vida perdida a cada 90 segundos. Apesar dos números, especialistas estimam que até 90% dos casos poderiam ser evitados com mudanças de estilo de vida.

O cardiologista José Roberto destaca que os fatores de risco estão cada vez mais presentes na população e defende medidas de prevenção em diferentes frentes.

“Trinta por cento de todas as causas de morte no Brasil e no mundo são doenças cardiovasculares. Se juntarmos com a questão oncológica, chegamos a 50% das principais causas de morte. O que podemos fazer em termos de prevenção é seguir três pilares: o controle do LDL, a perda de peso e o controle da glicemia. Se a população conseguir cuidar desses três pontos, já reduz imensamente os riscos. E há ainda um quarto pilar, mais recente, que é a vacinação. Com a adesão a esses quatro pilares, a mortalidade cai e a gestão da saúde se torna muito mais eficaz.”

Prevenção e atenção básica

O médico lembra que a lei que oficializou setembro como mês de conscientização das doenças cardiovasculares também exige campanhas públicas de prevenção. Para ele, a atenção primária precisa ser fortalecida para que essas ações tenham efeito prático.

“A prevenção passa pelo funcionamento ideal, ou pelo menos próximo do ideal, da unidade básica de saúde. Ela é a porta de entrada do sistema e envolve não só médicos, mas também enfermeiros, fisioterapeutas e dentistas. É importante lembrar da odontologia, porque a saúde bucal tem relação direta com a saúde do coração. O governo e as instituições precisam fortalecer a atenção básica e manter programas de incentivo à perda de peso e ao acompanhamento de hipertensos e diabéticos ao longo do ano, não apenas em datas pontuais.”

A boca como porta do coração

O cardiologista reforça ainda a importância do cuidado odontológico para a prevenção de doenças cardiovasculares.

“A gente costuma dizer que os olhos são a janela da alma e a boca é a porta para o coração. Existe uma doença chamada endocardite infecciosa em que, em algumas situações, o paciente precisa tomar antibióticos preventivos para evitar complicações. Isso mostra como boca e coração estão interligados. Escovação adequada, uso do flúor, prevenção da cárie e visitas periódicas ao dentista não apenas preservam os dentes, mas também ajudam a proteger o sistema cardiovascular.”

Hipertensão em jovens

Dados do Ministério da Saúde apontam que a hipertensão arterial atinge 28% da população brasileira. Antes considerada uma condição associada ao envelhecimento, hoje já é registrada com frequência em pessoas jovens e até sedentárias.

“A hipertensão é uma doença crônica que, em muitas situações, não tem cura. Costumo comparar a hipertensão ao câncer: ela não desaparece, mas pode ser controlada. Pacientes acima do peso ou com histórico familiar precisam ter atenção redobrada. Novos estudos mostram que a perda de peso melhora a qualidade de vida, reduz mortalidade e ajuda no controle da pressão. Além disso, a partir dos 35 anos, é fundamental consultar regularmente o cardiologista para rastrear riscos. Mas o ideal seria começar antes, aos 20 ou 25 anos. O acompanhamento médico aliado à prática regular de atividade física é essencial.”

Orientação para quem já é hipertenso

Segundo o especialista, a disciplina no tratamento é indispensável para evitar complicações.

“O paciente hipertenso precisa entender que não pode abandonar o tratamento. É necessário acompanhamento constante, consultas periódicas, exames de rotina e disciplina no uso da medicação. Mas, antes de tudo, é fundamental mudar o estilo de vida: adotar uma alimentação saudável, praticar atividade física e manter o controle do peso. São medidas que, junto ao acompanhamento médico, realmente salvam vidas.”