O Sindicato dos Bancários de Petrolina vive um momento de reestruturação e fortalecimento do diálogo com a categoria e o setor financeiro da cidade. Além de inaugurar uma nova sede no centro da cidade, a entidade tem intensificado as negociações com o patronato e realizado assembleias voltadas às condições de trabalho dos bancários e à qualidade dos serviços prestados à população.
Em entrevista ao programa Nossa Voz, nesta quinta-feira (6), o presidente do sindicato, Augusto Ribeiro, destacou a importância da nova sede e os avanços alcançados em defesa da categoria.
“Era um sonho, um sonho que a gente tem há 30 anos para realizar. E sede própria é sempre bom para todo mundo. É como se fosse casa própria. O bancário agora está com a casa própria dele quitada, nova, sem nenhuma dívida e para servir toda a nossa categoria”, comemorou.
Segundo ele, a nova estrutura, localizada “no coração de Petrolina”, garante mais conforto, segurança e autonomia para o funcionamento do sindicato.
“Nós vivíamos de aluguel, em prédio que não era nosso, e qualquer hora poderia haver um pedido de desocupação. Agora não, estamos com sede própria, com tranquilidade para o futuro da categoria. Esse espaço vai abrigar assembleias, reuniões, encontros e o atendimento jurídico e social ao público em geral. Foi um presente de Deus para a nossa categoria”, afirmou Augusto.
Além da nova sede, o dirigente destacou que as negociações com o setor patronal seguem pautadas em conquistas coletivas que garantem direitos aos trabalhadores.
“A nossa convenção coletiva de trabalho é bianual. No ano passado, firmamos um acordo que segue até 2026, o que otimiza as negociações e reduz o número de greves. A categoria bancária hoje tem a melhor convenção coletiva da América Latina. Trabalhamos muito para garantir aumento real, plano de saúde, auxílio paternidade e o combate às metas abusivas e ao assédio moral”, detalhou o presidente.
Ele reforçou que o sindicato atua também para garantir qualidade de vida à categoria, com atividades sociais e esportivas, além de apoio psicológico e jurídico.
“A categoria bancária é uma das que mais adoece, pela pressão, pelo excesso de trabalho e pelas metas abusivas. O sindicato é fundamental para equilibrar essa balança, cobrar e fazer justiça pela nossa categoria”, concluiu.
Impactos da Inteligência Artificial e adoecimento da categoria
O diretor do sindicato, Marcos Caldas, destacou outro desafio crescente enfrentado pelos bancários: o impacto das novas tecnologias, especialmente da inteligência artificial, sobre o emprego e a saúde mental da categoria.
“A IA veio para mudar e mudou em todos os setores. Mudou a forma de trabalhar, mudou a forma de emprego e isso tem gerado um impacto muito grande. Hoje o bancário é cobrado apenas para vender. Às vezes, você não consegue resolver o problema de um cliente e tem que ligar para ele para oferecer um produto. Essa cobrança por resultados imediatos tem adoecido muita gente”, afirmou Marcos.
Segundo ele, a categoria sofre com o medo do desemprego e a sobrecarga emocional.
“Hoje, se o bancário produz e amanhã não bate a meta, é como se nada tivesse feito. Muitos não estão conseguindo se adaptar a essa nova lógica, e o adoecimento é uma realidade. O nosso maior problema hoje é o medo do desemprego e a cobrança excessiva que vem com essas mudanças abruptas”, acrescentou.
Marcos também falou sobre a importância da implementação da Norma Regulamentadora nº 1, que trata dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
“Essa norma é obrigatória e precisa ser implementada justamente por causa desse cenário de adoecimento. Às vezes as pessoas não enxergam, mas o sindicato está lá, diariamente, cobrando junto à Fenaban, às federações e aos bancos públicos. É uma briga constante com empresas poderosas, com muito lobby, mas não estamos desatentos. Hoje, praticamente 100% dos afastamentos que chegam ao sindicato são por problemas psicológicos e psiquiátricos”, alertou.
Com a nova sede e uma agenda de ações voltada à valorização da categoria, o Sindicato dos Bancários de Petrolina pretende seguir ampliando o diálogo com os trabalhadores e a sociedade, buscando melhores condições de trabalho e mais qualidade de vida para os bancários da região.



