A sessão de hoje (23) na Câmara de Vereadores de Petrolina-PE foi marcada pela polêmica envolta do projeto de decreto legislativo que pretendia conceder ao presidente Jair Bolsonaro o título de Cidadão Petrolinense. A polarização provocada pelo projeto foi ainda mais acirrada pela plateia, formada por trabalhadores, funcionários públicos, comunitários e estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que reagiam aos discursos com aplausos e vaias.
Mesmo o projeto já fora da pauta, o vereador Ronaldo Silva (DEM), que faz parte da base governista na Casa Plínio Amorim e sempre declara apoio ao governo Bolsonaro, disse que se fosse pra votar hoje, seu voto seria contrário à concessão do título. “Eu não vejo porque dar um título de cidadão a Bolsonaro com cinco meses de mandato que o presidente tem. Porque nada fez ainda por Petrolina. Na hora que ele começar a trazer recursos, a trazer investimentos para a nossa cidade, ele pode contar com o meu voto”, declarou.
Apesar de ter recebido algumas vaias da plateia por dizer que acredita no governo do atual presidente, a linha de raciocínio do vereador sobre o projeto é parecida com a do coordenador local do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Robson Nascimento. “Um governo que tem cinco meses, não tem nenhum projeto, não tem nenhuma ação dentro do município de Petrolina. O regimento da Casa diz que pra conceder um título de cidadão, a personalidade tem que ter um serviço prestado à sociedade. Procuramos e não vemos nenhuma nesses cinco meses”, justificou.
O autor do projeto, o vereador Elias Jardim (PHS) disse que retirou a matéria de pauta porque achou que aquele momento não era oportuno e preferia esperar uma segunda visita do presidente a Petrolina, na possível inauguração de obras que devem ter as ordens de serviço assinadas nesta sexta-feira (24). Mas para o vereador Gabriel Menezes, que é do partido do presidente, Elias correu e retirou o projeto para evitar que o presidente passasse um vexame em Petrolina. “Ele foi infeliz, ele queria cena política. Acho que ele queria tirar uma foto com o presidente. Por isso, que o projeto tramitou da terça pra cá”, analisou Menezes.
Pela repercussão que a retirada do projeto ganhou na imprensa, a tentativa de evitar expor o presidente Jair Bolsonaro a ter uma homenagem rejeitada, justamente na véspera da primeira visita ao município do Sertão pernambucano, não deu certo. A notícia já atravessou os limites do estado e criou um constrangimento para o grupo que apoia Bolsonaro na cidade, que inclusive só deu ao presidente 31,97% dos votos válidos na eleição de 2018.