Reforçando o potencial do enoturismo e da vitivinicultura como atividades fundamentais para a economia nordestina, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) marcou presença no lançamento do selo “Viva Lagoa Grande”, promovido pela prefeitura do município localizado na região do São Francisco, em Pernambuco. O evento, realizado nesta quarta-feira (15) nas vinícolas da região, reuniu autoridades, empresários, produtores e gestores públicos, celebrando a importância econômica da produção de uvas e vinhos para o território.
Segundo a gestão do município, a ideia é estabelecer marcos reconhecidamente exitosos no turismo da cidade, em especial das atividades relacionadas à vitivinicultura, que representa uma parcela significativa da economia local. Lagoa Grande possui cinco das oito vinícolas do Vale do São Francisco e em 2022 produziu cerca de 20 milhões de litros de vinhos, sucos e espumantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, o lançamento do selo é um marco no fortalecimento do enoturismo no Vale do São Francisco. “É muito importante que a gente preserve a unidade desta história. É uma ação conjunta que fala para a inclusão. A Sudene está presente desde 1968 nos perímetros irrigados”, destacou.
Danilo Cabral também destacou que a autarquia é parceira de iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável e a valorização das riquezas locais, como o enoturismo, não só pela geração de emprego e renda, mas também colocando esse território no mapa do turismo nacional e internacional. O gestor também ressaltou a disponibilidade de linhas de financiamento para impulsionar o setor: “O FDNE e o FNE estão à disposição para projetos que fortaleçam a produção e a infraestrutura local, gerando um ciclo de desenvolvimento sustentável para a região”, comentou. Em 2025, a previsão é de que os recursos do FNE somem R$ 5,6 bilhões em recursos para empreendedores de Pernambuco. Além disso, o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, administrado pela Sudene, também oferece condições facilitadas de acesso à crédito. Recentemente, a Diretoria Colegiada da Autarquia aprovou o financiamento de R$ 50 milhões para um empreendimento do setor de turismo na Paraíba, com expectativa de geração total de empregos que ultrapassa 6 milhões de oportunidades entre vagas diretas e indiretas.
Lagoa Grande alcançou, em 2023, a quarta posição entre os municípios brasileiros em valor de produção agrícola, atingindo R$ 505,5 milhões sendo o segundo lugar em Pernambuco. De acordo com a Produção Agrícola Municipal (PAM). Neste contexto, o cultivo de uvas chama atenção, já que a produtividade registrada pelo município alcança 47 toneladas por hectare de uvas, superior à média nacional de 19,4 toneladas / ha.
A prefeita da cidade, Catharina Garziera, celebrou o sucesso do evento, destacando o papel da cidade como um dos maiores polos de produção de vinho no país. “O enoturismo é uma oportunidade de imersão única. É o chamado para a transformação social na cidade”, enfatizou. Segundo a gestora, que também comanda um empreendimento de cultivo de uvas e produção de vinhos, a cidade tem se consolidado como referência na vitivinicultura, e o selo é uma forma de projetar essa riqueza cultural e econômica.
Lagoa Grande, com uma população de 25 mil habitantes, é um dos principais polos de agricultura irrigada de Pernambuco. Em 2022, o município produziu aproximadamente 73 milhões de toneladas de uvas. Naquele mesmo ano, o Vale do São Francisco recebeu o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel espumante. A área de produção dos vinhos compreende cinco municípios: além de Lagoa Grande, o estado de Pernambuco é representado por Petrolina e Santa Maria da Boa Vista; além dos municípios baianos de Casa Nova e Curaçá.
O evento, que também se estendeu para a vinícola Rio Sol, contou com a presença de autoridades do poder judiciário estadual e de representantes dos consulados de Malta, França e Itália, além de representantes do governo estadual e de cidades circunvizinhas.
A relação da Sudene com a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco é histórica. Em 1968, o Conselho Deliberativo da Sudene aprovou o apoio financeiro de 5 milhões de cruzeiros novos para o Projeto de Irrigação de Barra do Bebedouro, embrião do hoje projeto Pontal do Sul. À época, o perímetro inicial era de apenas 1500 hectares, contra os mais de 33.500 existentes atualmente no projeto, dos quais 7.717 hectares são considerados irrigáveis segundo a Codevasf. Um dos objetivos mencionados pelo Condel naquela década, através da proposição número 13, era promover a interiorização do desenvolvimento regional, estratégia que fundamenta hoje o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste. Atualmente, a uva foi a cultura que mais se destacou, respondendo por 61% da produção agrícola local.
Fonte: Ascom Sudene