Nesta terça-feira (12), o superintendente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Edilásio Vanderley, concedeu entrevista ao programa Nossa Voz para comentar a visita dos ministros do governo Lula a Petrolina, marcada para esta quarta-feira (13). Em um evento, a cidade receberá os ministros Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, e Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego, além de representantes do Ministério do Desenvolvimento Social, que discutirão o Pacto Nacional do Trabalho no Meio Rural, com ênfase na fruticultura.
“Essa é uma visita importante, não apenas para conhecerem a fruticultura do Vale do São Francisco, mas para fortalecer ações do governo federal que buscam qualificar mão de obra para a fruticultura. O governo do presidente Lula fez mudanças no Ministério do Desenvolvimento Social que permitem que beneficiários de programas sociais possam ter a carteira assinada e, assim, contribuir para a economia local,” afirmou Edilásio.
“Essa medida visa ampliar a economia na nossa região, permitindo que quem recebe auxílio social tenha também a possibilidade de emprego formal, o que traz benefícios para todos,” completou.
Os ministros visitarão o Centro de Tecnologia e Aperfeiçoamento Isabel Cristina (CTA) e seguirão para uma propriedade de fruticultura, onde conhecerão de perto o cultivo de uvas, mangas e outras frutas, produtos que fazem de Petrolina um dos maiores polos frutíferos do país. Edilásio destacou a importância da fruticultura para o desenvolvimento local e os benefícios esperados para a comunidade com essa visita.
Durante a entrevista, Edilásio também abordou a relevância do Bolsa Família e de outros programas sociais no contexto do Nordeste, destacando o impacto positivo na economia regional. “Hoje temos 24 milhões de brasileiros vivendo na linha da miséria, muitos passando fome. É importante entender que os programas sociais não apenas geram autonomia para essas pessoas, mas também fomentam a economia local,” explicou.
“O Bolsa Família, por exemplo, é reconhecido mundialmente como o maior programa de distribuição de renda, e ajudou regiões como o Nordeste a crescerem. O valor recebido é gasto no mercadinho, no açougue, na farmácia do bairro, especialmente nas zonas rurais, gerando um ciclo econômico positivo que beneficia todo o comércio local,” ressaltou o superintendente.
Edilásio observou que muitos beneficiários têm agora a oportunidade de formalizar seus vínculos empregatícios e desfrutar dos benefícios da previdência social. “O pacto visa mostrar que o trabalho formal traz segurança para essas pessoas, que terão acesso à assistência médica e previdenciária em caso de acidentes e a possibilidade de aposentadoria no futuro. Essa mudança amplia o acesso ao trabalho formal, incentivando o desenvolvimento pessoal e econômico das famílias beneficiárias,” completou.
Outro ponto abordado na entrevista foi a questão da infraestrutura e das ações da Codevasf na região. Edilásio respondeu a cobranças sobre equipamentos da Codevasf que estariam parados em depósitos no N-3 e destacou a complexidade da operação e distribuição desses equipamentos. “Somos um dos principais impulsionadores da mecanização no campo. Apenas na superintendência de Petrolina, atendemos 73 municípios no Estado, abrangendo todo o Sertão e parte do Agreste. Atualmente, cerca de 90% do nosso orçamento vem de emendas parlamentares, e, diariamente, realizamos doações e entregas de equipamentos,” disse.
“Por vezes, equipamentos chegam com atraso devido a questões burocráticas ou problemas enfrentados pelas empresas fornecedoras durante o processo licitatório, como foi o caso de alguns itens encomendados durante a pandemia.”
Edilásio aproveitou para reforçar o compromisso da Codevasf em acelerar os processos de doação e destacou que o órgão tem buscado agilizar as parcerias com os parlamentares. “Nosso contato com os parlamentares é permanente. Sabemos que o tempo de quem precisa de uma obra ou equipamento é urgente, e trabalhamos para acelerar as entregas. Inclusive, muitos vereadores que mencionaram essa questão já foram beneficiados com equipamentos destinados por parlamentares federais,” enfatizou.
A infraestrutura das áreas irrigadas do Projeto Nilo Coelho também foi tema de discussão. Edilásio explicou os desafios de pavimentação e manutenção das estradas de serviço, que somam quase 900 km no perímetro irrigado. “A Codevasf sempre atuou em infraestrutura nos municípios, mas nosso orçamento não permite pavimentar todas as estradas. Para se ter ideia, só no Nilo Coelho, temos mais estradas de serviço do que a distância entre Petrolina e Recife,” relatou.
Ele também mencionou o trabalho conjunto com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DINC), responsável pela manutenção de algumas dessas estradas. “Buscamos um balanceamento entre as demandas urbanas e rurais, mas a responsabilidade sobre as estradas de serviço no Nilo Coelho é compartilhada. Enquanto o DINC faz a manutenção, a Codevasf coordena as ações de desenvolvimento no projeto, buscando sempre atender às necessidades dos moradores e produtores locais,” acrescentou.
Outro desafio discutido foi o abastecimento de água nas agrovilas, algumas das quais enfrentam precariedade no fornecimento. Segundo Edilásio, essas comunidades, originárias do projeto Nilo Coelho, possuem sistemas de abastecimento de água obsoletos. “Grande parte das agrovilas, principalmente as mais antigas, possui um sistema de abastecimento de água que foi implementado há décadas e está desatualizado. Estamos mapeando as necessidades dessas áreas e, em parceria com a prefeitura, vamos buscar soluções para que todos possam ter acesso a uma água de qualidade,” afirmou.
Questionado sobre a relação com a Compesa, Edilásio lamentou a falta de infraestrutura da empresa estatal na região. “Seria ideal que cada uma dessas comunidades tivesse uma estação de tratamento da Compesa. No entanto, esse é um monopólio estatal e, infelizmente, não conseguimos entrar diretamente na estrutura da empresa,” esclareceu, reforçando que a Codevasf tem buscado alternativas para auxiliar no abastecimento das comunidades.
Encerrando a entrevista, Edilásio Vanderley ressaltou o compromisso da Codevasf com o desenvolvimento local e pediu o apoio da população e dos representantes políticos para enfrentar os desafios da região. “A Codevasf não tem interesse em manter equipamentos parados. Fizemos um protocolo para que, se um equipamento não for usado dentro de um ano, possamos redirecioná-lo. Trabalhamos diariamente para superar os obstáculos e trazer mais desenvolvimento para Petrolina e para toda a região,” concluiu o superintendente.