Superintendente do HU de Petrolina fala sobre desafios e investimentos

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Em entrevista ao programa Nossa Voz da Rádio Grande Rio FM, o Superintendente do Hospital Universitário (HU) de Petrolina, Julianeli Tolentino, abordou os principais desafios enfrentados pela instituição, como a superlotação, a falta de leitos e de profissionais especializados, e as medidas que estão sendo tomadas para melhorar a qualidade do atendimento.

84% dos pacientes não deveriam estar no HU:

Um dos pontos mais preocupantes é a alta taxa de pacientes que não deveriam estar no HU. Segundo Tolentino, cerca de 84% dos pacientes que procuram o hospital são casos de baixa complexidade, que poderiam ser atendidos em unidades de saúde de menor porte. Essa situação sobrecarrega o HU, que é referência para casos de média e alta complexidade de 53 municípios da região de Pernambuco e Bahia.

“Nós recebemos em torno de 84% de pacientes que não estão em nossa referência. Ou seja, mais de 80% de baixa complexidade. É por isso que eu sempre insisto junto aos gestores de saúde aqui da nossa região, especialmente o secretário de saúde de Petrolina, João Luiz, que é muito sensível à nossa causa. Ele tem que participar ativamente das nossas discussões. Eu digo que nós precisamos de hospitais de barreira. São outras instituições de saúde para evitar que esses pacientes, que muitas vezes não têm alternativas, nos procurem. Como somos um hospital de porta aberta, temos que atender esses pacientes”, disse Tolentino.

Falta de leitos e de profissionais:

Outro problema enfrentado pelo HU é a falta de leitos. Atualmente, o hospital conta com 145 leitos, mas a demanda é muito maior. Na segunda-feira da semana passada, por exemplo, o HU chegou a ter 227 pacientes internados, o que significa que 82 pacientes estavam em leitos extras.

Contudo, a prioridade é a contratação de novos profissionais da área de anestesistas e neurocirurgião. 

“No dia 16 de fevereiro, teremos a abertura dos envelopes com as propostas para a contratação de novos profissionais. Esperamos que nos próximos meses tenhamos a retomada do serviço de neurocirurgia. Mas, como eu disse, não adianta ter o profissional neurocirurgião, ortopedista ou cirurgião torácico, por exemplo, e não ter um anestesista. Por isso, estamos também procedendo para a contratação do serviço de anestesiologia. Isso é muito importante. Nós temos isso como prioridade e esperamos que aconteça paralelamente à contratação do neurocirurgião”, afirmou o superientendente.

Ele também acrescentou que “priorizamos a contratação do serviço. O processo está mais avançado porque estamos na fase de abertura dos envelopes com as propostas. Esperamos que em março ou abril tenhamos a retomada desse serviço de forma plena. Isso é o que queremos e, consequentemente, evitaremos que haja a regulação, que é ruim para todos.”

Segundo Tolentino, o custo da regulação é alto. “É ruim para o serviço de saúde, porque é muito cara. Uma transferência, por exemplo, de um paciente aqui de Petrolina para o Hospital da Restauração, se for por via terrestre em UTI, custa em torno de 18 a 20 mil reais por paciente. Se for utilizada uma UTI aérea, o custo é de 40 a 45 mil reais por paciente. É um ônus muito grande. Todos perdem: o paciente sofre, a família sofre, o acompanhante sofre e podemos ter até casos como esse, porque a situação no Hospital da Restauração é periclitante. É muita gente, muita demanda. Às vezes, esse paciente não é bem atendido, infelizmente. Chegamos até a casos como esse, onde uma vida é perdida. Mas estamos na luta grande por isso, para que tenhamos uma plenitude em relação à realização do serviço.”

Para melhorar a qualidade do atendimento, o HU está investindo em diversos projetos. Um dos mais importantes é a construção de um novo hospital.

“Reabrimos os leitos de UTI que estavam fechados e estamos com a expectativa de abrir mais. No entanto, a estrutura física do hospital limita a expansão imediata de leitos. Para atender à demanda da região, estamos trabalhando em um projeto para a construção de um novo hospital em parceria com a Univasf. A área ao lado do HU já está reservada, mas ainda precisamos de recursos para a obra. O investimento necessário é de R$ 80 a 100 milhões. Estamos mobilizando políticos e parlamentares para obtenção de emendas e buscando sensibilizar o governo federal para a importância desse investimento. Tivemos uma oportunidade no passado, mas não tínhamos um projeto pronto.”

Tolentino também falou sobre a necessidade de um hospital de barreira em Petrolina. Esse tipo de hospital seria responsável por atender casos de baixa complexidade, desafogando o HU e permitindo que ele se concentre em casos mais graves. Contudo, segundo o superintendente, a expectativa em relação ao novo Hospital Municipal de Petrolina é pequena. 

“A expectativa é baixa, não é grande em relação ao hospital que será de pequeno porte, porque serão apenas 12 leitos em um hospital de portas fechadas. Se fosse um hospital de ao invés de 12 leitos, seriam de 120, eu ia dizer que agora vamos ter de fato um hospital de barreira para contribuir e melhorar o atendimento do HU”.