“Suprema humilhação”: Bolsonaro coloca tornozeleira eletrônica e critica novas medidas impostas por Moraes

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou como “suprema humilhação” a imposição da tornozeleira eletrônica, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita ao menos quatro vezes, em conversa com jornalistas nesta sexta-feira (18), logo após cumprir a ordem judicial na sede da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Distrito Federal.

Com semblante abatido e cercado por aliados, Bolsonaro afirmou que a medida se relaciona com um novo inquérito que envolve seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

“É um novo inquérito do meu filho Eduardo, pela acusação são 12 anos de cadeia contra ele. Acredito que Eduardo vai continuar nos EUA. Se ele vier pra cá vai ter problemas”, disse o ex-presidente, que evitou comentar diretamente o conteúdo da investigação.

Bolsonaro voltou a repetir que não houve tentativa de golpe de Estado no país e ironizou a narrativa que sustenta a investigação contra ele:

“Nada de concreto existe ali. Não tem prova de nada. Um golpe no domingo, sem Forças Armadas? Golpe de festim…”

Ainda durante a entrevista, o ex-presidente disse que não pretende deixar o Brasil e tentou minimizar os movimentos que levantaram suspeitas de fuga em 2024.

“Nunca pensei em sair do Brasil, [ir para] embaixada. Mas as cautelares são em função disso. Tenho horário para ficar na rua. O objetivo é a suprema humilhação”, insistiu Bolsonaro.

Apesar da declaração, Bolsonaro ficou dois dias abrigado na embaixada da Hungria em Brasília, entre os dias 12 e 14 de fevereiro de 2024, pouco depois de ter o passaporte apreendido pela Polícia Federal. Na ocasião, o premiê húngaro, Viktor Orbán, chegou a publicar uma mensagem pública de apoio ao aliado brasileiro nas redes sociais.

As medidas impostas pelo STF

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, divulgada nesta semana com o sigilo retirado, impõe restrições severas ao ex-presidente como parte de uma nova fase das investigações sobre tentativas de abalar o processo democrático brasileiro. As medidas cautelares incluem:

  • uso de tornozeleira eletrônica;
  • recolhimento domiciliar entre 19h e 6h e durante os fins de semana;
  • proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros;
  • veto a qualquer aproximação de embaixadas;
  • proibição de contato com demais réus e investigados;
  • bloqueio de acesso às redes sociais.

A Polícia Federal aponta que Bolsonaro pode ter cometido crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataques à soberania nacional. Na última operação autorizada por Moraes, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente no Rio de Janeiro, em Brasília e também na sede do Partido Liberal (PL).

Segundo apurou a reportagem, a PF solicitou a operação em 11 de julho, dois dias depois do ex-presidente norte-americano Donald Trump anunciar sanções comerciais ao Brasil. A Procuradoria-Geral da República deu parecer favorável à representação da PF, que foi acatada por Moraes.

Com informações da UOL