Com tarifa de 50%, produtores do Vale do São Francisco enfrentam impacto nas exportações para os EUA

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Entrou em vigor na última quarta-feira (6) a taxação de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre as importações de frutas brasileiras, medida que tem gerado apreensão entre os produtores do Vale do São Francisco, principal polo produtor e exportador de uvas e mangas do país. Para a safra de 2025, o prejuízo estimado chega a 60 milhões de dólares.

A taxação é uma tarifa alfandegária imposta pelos Estados Unidos sobre as frutas importadas do Brasil. Isso significa que, para cada dólar de produto brasileiro que entrar no mercado americano, há um custo adicional de 50% sobre o valor do produto. O objetivo da tarifa, segundo o governo norte-americano, é proteger produtores locais, mas a medida impacta diretamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano, tornando-os mais caros e menos atrativos para os consumidores nos EUA.

Em Petrolina, Pernambuco, a fazenda de Edis Matsumoto produz cerca de duas mil toneladas de uvas por safra há 35 anos. Tradicionalmente, 25% dessa produção era exportada para os Estados Unidos. Com o aumento das tarifas, a demanda caiu, e o produtor busca novos mercados para evitar o colapso do negócio.

“A própria Europa ainda tem países que estão crescendo no consumo de uva, como Espanha, Itália e França, além de mercados a serem explorados no Oriente Médio, Rússia e China. Mas isso requer estudo e parcerias locais”, explica Matsumoto.

Lucineide Silva, que trabalha há mais de 20 anos numa fazenda local, expressa a preocupação da mão de obra regional: “A gente fica com medo de perder o emprego. Tem muita gente querendo trabalhar, mas a incerteza do futuro dificulta.”

O Vale do São Francisco responde por cerca de 250 mil empregos diretos e movimenta um mercado que, em 2024, gerou aproximadamente 90 milhões de dólares só em exportações para os EUA. A taxação americana altera esse cenário e, segundo João Ricardo Lima, coordenador dos Observatórios de Mercado de Manga e Uva da Embrapa Semiárido, o desafio será grande.

“A redução da demanda americana, somada à ausência de mercados alternativos suficientemente grandes, deve pressionar os preços para baixo, reduzindo a lucratividade dos produtores. Mercados na América do Sul existem, mas ainda não absorvem a totalidade das exportações que iam para os EUA. O risco é que empresas fechem o ano com prejuízo”, alerta Lima.

Mesmo com o impacto da taxação, especialistas apontam que ainda haverá frutas brasileiras nos Estados Unidos neste mês, graças a contratos firmados antes da medida.

“Nosso plano é iniciar os envios entre os dias 10 e 12. Fora os EUA, o mercado interno está aquecido e as exportações para a Europa seguem normalmente. A preocupação maior é com os valores, mas não acreditamos que a estrutura da empresa será abalada”, diz Fábio Aires, gestor comercial.

Fonte: Com informações do G1