“Taxa de internamento aumentou muito na pediatria por conta desse surto viral”, alerta pneumologista sobre adenovírus

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Pneumologista André Brandão no estúdio do Nossa Voz fala sobre adenovírus. Foto: Moacir Santana

O programa Nossa Voz desta segunda-feira (21) contou com a participação no estúdio do pneumologista André Brandão para falar sobre o adenovírus, uma família de vírus infecciosos que pode atingir várias partes do corpo com o trato respiratório, os olhos e o sistema digestivo.

“O adenovírus é uma família de vírus baseados em DNA, o DNA para o pessoal saber, é a matriz de formação do nosso corpo, assim como a gente tem, todos os seres vivos também tem e no caso do vírus especificamente este também tem o DNA. Ele é uma família com 51 sorotipos diferentes que acomete os seres humanos, não só os seres humanos, como também alguns animais, e os principais sintomas são de resfriados e gripes habituais, onde você tem febre, sintomas de vias aéreas superiores como obstrução nasal, coriza”, afirmou.

“Uma característica interessante, que inclusive ajuda a gente a identificar esse vírus, é a manifestação do trato gastrointestinal com náuseas, vômitos, também apresentam dores no corpo. É importante ressaltar a questão da conjuntivite, em especial este ano teve um quadro de uma hepatite viral que aconteceu principalmente no Sudeste, que foi levantada a possibilidade de um sorotipo, que é o 41 desse adenovírus, então, ele tem essa importância também de monitoramento”, disse.

Além das dores, muitas pessoas têm reclamado de persistência de dor na garganta. “É um ponto de confusão pra gente da parte médica porque também é um sintoma comum em quem tem covid, e em outras viroses, e também é um sintoma comum em quem tem infecções bacterianas dessa região. Então, separar o joio do trigo, muitas vezes é bem complicado nessa situação, porque as manifestações são muito parecidas, placas brancas na garganta, inchaço, dor de ouvido, perda de voz, rouquidão, então esses sintomas são muito comuns em todos esses agentes, por isso às vezes fica muito difícil você diferenciar um do outro”, relatou.

Brandão explicou como é feito o tratamento. “Não há tratamento específico quando a causa é viral, são medidas suportivas, por exemplo, pacientes que têm conjuntivite, a gente utiliza alguns tipos de colírios, pacientes  que têm sintomas centrados nas vias aéreas superiores, como congestão nasal, coriza, espirros e coceira, nós usamos alguns sprays nasais, alguns comprimidos mais sistêmicos, pacientes que estão com muito sintoma constitucional, alguns analgésicos, então a gente se utiliza mais de sintomáticos”.

“O que chama a atenção nesse vírus são os extremos de idade e pessoas com comorbidades, esses que têm maior risco de desenvolver mal, evoluir mal com a doença, inclusive precisar de internamento, inclusive a taxa de internamento aumentou muito na pediatria nos últimos meses por conta desse surto viral”, disse.

O médico explicou os sinais que devem ser observados em crianças. “São os mesmos cuidados com atenção redobrada. Ficar atento aos sinais de alerta que vão necessitar de uma intervenção médica, exemplos, sinais de desidratação, a criança fica mais molinha, a criança que não tá interagindo, não tá aceitando comida, então essa criança está evoluindo desfavoravelmente e precisa de uma atenção médica mais em cima, mais atenta”.

“Essa doença tem um quadro habitual nas vias aéreas de até 14 dias, quando é quadro intestinal de até 10 dias. Então se houver uma persistência desses dias é preciso atenção, mas o que é mais importante também é a questão da intensidade, principalmente nas vias aéreas podem evoluir para um quadro de pneumonia associada também”, observou.