Os testes positivos para Covid-19 detectados em farmácias do país saltaram 326% durante o mês de maio, a primeira alta desde janeiro. No total, foram registrados 136.117 mil novos casos, um número mais de quatro vezes maior que os 31.981 do mês de abril. Os dados são do levantamento realizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Os registros, obtidos com exclusividade pelo Globo, são os maiores desde fevereiro, quando foram 349.287 diagnósticos com o resultado positivo para a doença nas drogarias brasileiras. O número acende o alerta por demonstrar novamente uma tendência de alta, embora continue distante dos quase um milhão identificados em janeiro.
O novo levantamento da Abrafarma aponta ainda que a procura pelos testes de Covid-19 nas farmácias voltou a subir. Desde janeiro até o fim de abril, a associação havia constatado uma queda consistente que chegou a 89,4% na realização dos diagnósticos. Porém, em maio, esse índice aumentou 109% em relação ao mês anterior – de 262.737 para 549.225 testes.
A taxa de positividade
percentual dos testes realizados com resultado positivo também aumentou 104% no último mês. De 12,17%, em abril, para 24,78%, em maio. É o maior índice desde fevereiro, quando 30,51% dos diagnósticos nas farmácias eram positivos para a Covid-19. O maior percentual registrado foi em janeiro, de 39,87%.
Os dados da Abrafarma são de testes rápidos realizados até o dia 29 de maio em 4.504 unidades das 26 maiores redes de farmácias do país, reunidos pela associação.
Nos laboratórios particulares, esse crescimento da positividade foi ainda maior. De acordo com um levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), a taxa passou de 13%, em abril, para 34,3% em maio — um salto de 163%. A constatação é baseada na análise de 255.426 testes de RT-PCR, considerados mais precisos que os de antígeno, realizados pelos laboratórios Dasa, DB Molecular e HLAGyn.
Para os especialistas, a nova subida da Covid-19 no Brasil é reflexo da subvariante da Ômicron BA.2, prevalente no país segundo o ITpS. Não há evidências de que ela seja mais agressiva que a BA.1 – primeira versão da Ômicron –, porém estudos confirmaram que a sublinhagem é mais transmissível. Há ainda relatos de reinfecção, embora pesquisadores acreditem que a contaminação pela BA.1 ofereça algum tipo de proteção contra a BA.2, ao menos a curto prazo, especialmente para os vacinados.
Foto: Gilson Abreu/ANP