Tolerância religiosa marca sessão solene do Novembro Negro na Câmara de Petrolina

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(foto: Carol Souza/Nossa Voz)

Nesta quinta-feira (21), a Câmara de Vereadores de Petrolina realizou uma sessão solene em comemoração ao Novembro Negro. Na plateia estavam alguns representantes de comunidades de terreiros da região.

Apresentação da Capoeira na sessão solene. (vídeo: Carol Souza/Nossa Voz)

A sessão teve a exibição do curta-metragem “EJE, Onde Minha Religião Interfere na Sua?”, produzido pelos pelos alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ), apresentação da Capoeira de Vivência Angola da Escola Mãe Vitória e cânticos em louvor aos Orixás, cantados pelo babalorixá Flávio Júnior.

Cânticos para os orixás. (vídeo: Carol Souza/Nossa Voz)

Durante a cerimônia foram entregues três honrarias. A Medalha de Honra ao Mérito Dom Malan ao babalorixá Flávio Júnior, proposto pela vereadora Cristina Costa, ao índio Erasmo de Souza Reis, proposto pelo ex-vereador Ibamar Fernandes, e o Título de Cidadã Petrolinense a para atleta Fernanda Yara da Silva, concedido pelo vereador Paulo Valgueiro.

Um dos homenageados, Flávio Júnior falou do trabalho de combate ao preconceito religioso que tem sido feito dentro do Terreiro do Mandacaru. “O que a gente tem feito é abrir as portas dos nossos terreiros, trazer o pessoal que não conhece pra dentro, pra conhecer, pra saber do nosso trabalho. Um trabalho constante de combater e tirar a má impressão que as pessoas têm do Candomblé”, destacou o babalorixá.

Babalorixá Flávio Júnior na sessão solene. (foto: Carol Souza/Nossa Voz)

Quem também conversou com o Nossa Voz e falou do preconceito vivenciado pelo negros aqui na região foi a professora doutora em cultura afro, Márcia Guena, uma das convidadas de honra da sessão solene. “Em particular as religiões de matriz africana tem enfrentado uma nova onda de intolerância religiosa, com muitos terreiros sendo depredados, inclusive na nossa região. (…) Na verdade a gente não tem que chamar de intolerância religiosa, mas sim de um nome muito específico, que é o racismo religioso”, pontuou a professora.

Márcia Guena foi convidada de honra da sessão solene. (foto: Carol Souza/Nossa Voz)

Exemplo de tolerância
O vereador de Petrolina, Osinaldo Souza (PRTB), que é evangélico e já foi taxado de intolerante por causa de algumas declarações que, segundo ele, foram mal interpretadas na imprensa, marcou presença na sessão solene e, inclusive, acompanhou a apresentação dos cânticos aos Orixás, dando um exemplo de tolerância e respeito.

Vereador Osinaldo Souza acompanhou toda a sessão solene. (foto: Carol Souza/Nossa Voz)

O Nossa Voz também ouviu o parlamentar que falou sobre estava cumprindo o dever dele como vereador de Petrolina. “É bem verdade que alguns, só porque sou evangélico querem me rotular como se eu tivesse intolerância a outras religiões. Mas isso não é do meu feitio. Eu sempre convivi muito bem, mesmo sendo de família tradicional evangélica, meus pais sempre me ensinaram a respeitar todas as pessoas. (…) Se tem apresentação dos povos de terreiros, tudo bem! Eu estou aqui porque estou cumprindo o meu papel constitucional”, justificou Osinaldo Souza.

Ausência justificada
A vereadora Cristina Costa, idealizadora do evento, não compareceu à sessão solene, porque teve que participar em São Paulo-SP de uma reunião com a executiva do Partido dos Trabalhadores (PT), mas gravou um vídeo que foi exibido durante a sessão.