Trump assina ordem executiva e EUA confirma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros; exportações de manga e uva do Vale do São Francisco enfrentam riscos reais de cancelamento

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou hoje, 30 de julho, uma ordem executiva que adiciona uma tarifa de 40% sobre impor­tação de produtos brasileiros, totalizando 50%. A medida passa a valer a partir de 6 de agosto e exclui itens como suco de laranja, veículos, fertilizantes e petróleo — mas as frutas in natura, como manga e uva de mesa, não foram contempladas entre as exceções.

Em 2024, o Vale do São Francisco exportou cerca de 36,8 mil toneladas de manga para os EUA, representando cerca de 14 % do volume total de manga exportada pelo Brasil e gerando aproximadamente US$ 45,8 milhões em receita (IstoÉ Dinheiro). Embora os Estados Unidos tenham sido o terceiro destino para a manga brasileira naquele ano, o volume direcionado ao mercado americano ainda era significativo (IstoÉ Dinheiro).
Quanto à uva de mesa, foram exportadas 13,8 mil toneladas aos EUA em 2024, o que representou cerca de 26 % das exportações brasileiras de uva, gerando aproximadamente US$ 41,5 milhões. O país segue como o segundo maior destino para a uva brasileira, atrás apenas da Europa.

Com produtores focados na janela de exportação deste segundo semestre, a fruticultura do Vale já se preparava para aumentar os embarques entre agosto e outubro — justamente o período em que os novos impostos entrarão em vigor. Com a sobretaxa, exportadores tentam redirecionar parte da produção para a Europa ou outros mercados, mas há temores de queda de preços no Brasil por excesso de oferta.

Em 2024, o setor de manga e uva do Vale do São Francisco movimentou cerca de US$ 90 milhões em exportações. A projeção era crescer entre 9% e 10% em 2025, ultrapassando o patamar de R$ 5 bilhões em valor bruto de produção. Com a nova tarifa, estima-se que 70% a 80% das exportações destinadas aos EUA estejam em risco.

O desdobramento da medida tem causado apreensão na região, com produtores relatando insegurança e a possibilidade de deixar frutas no pé por inviabilização econômica. A paralisação de exportações já teria sido solicitada por alguns importadores americanos diante da nova realidade tarifária.