A situação dos três cães da raça pitbull apreendidos em fevereiro após uma sequência de ataques na Vila Marcela, em Petrolina, voltou ao centro do debate público durante a sessão desta terça
-feira (20), na Câmara Municipal. O vereador Dhiego Serra fez duras críticas à forma como os animais estão sendo mantidos pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município, denunciando maus-tratos e uma possível tentativa de eutanásia sem critérios técnicos claros.
Segundo o parlamentar, que afirma ter tentado realizar uma fiscalização in loco no CCZ, os cães estão em situação crítica, desnutridos, infestados de carrapatos e sem qualquer acompanhamento adequado. Uma das fêmeas estaria prenhe e foi levada para uma sala administrativa por falta de estrutura apropriada para o parto. “Aquela situação ali é triste, mostra que os animais apreendidos, que muitas vezes não são ressocializados porque não tem adestrador pago pelo município, acabam indo para o abate”, afirmou. “Não tem nada de eutanásia humanitária. É sacrifício, é abate”, completou.
Dhiego relatou ainda ter sido impedido de entrar na unidade pública por um funcionário e, mesmo assim, forçou a entrada para ver de perto o estado dos animais. Segundo ele, a justificativa apresentada pela gestão para uma possível eutanásia seria a “agressividade” dos cães — o que ele contesta. “Nenhum dos três latiu, rosnou ou tentou me atacar”, disse, comparando a atitude dos animais com o que chamou de “comportamento agressivo” de alguns servidores do local.
Diante da situação, Dhiego anunciou que protocolará pedido para integrar oficialmente a Comissão de Defesa e Proteção Animal da Câmara, hoje composta por outros parlamentares. “Não sou de ONG, mas sou cidadão. Não posso me calar vendo animais nessa condição”, declarou.
Em contraponto, o líder do governo, vereador Diogo Hoffmann, reconheceu a complexidade do caso, mas criticou o tom da denúncia e ponderou sobre os riscos envolvidos. “Não existe solução simples para problemas complexos. Estamos tratando de cães com histórico — ainda que eventual — de agressividade. Como pai e marido, eu não queria um pitbull com esse histórico perto da minha filha ou da minha esposa”, afirmou.
Hoffmann defendeu que o debate precisa considerar tanto o bem-estar animal quanto a segurança da população. “Temos que buscar um denominador comum. O que não dá é para simplificar uma situação que envolve ataques comprovados”, concluiu.
Entenda o caso
Em 5 de fevereiro de 2025, três pitbulls foram apreendidos na Vila Marcela, em Petrolina, após atacarem outros cães e causarem pânico entre moradores durante uma ação de distribuição de sopa. Os animais escaparam de uma casa e mataram o cão de estimação de uma vizinha, que já havia perdido outros animais em ataques anteriores. O tutor foi responsabilizado por omissão de cautela e os cães levados ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), onde permanecem.
Ativistas cobram providências, apontando falhas da gestão municipal, que não possui canil nem estrutura para ressocialização dos animais. A situação se agravou com a denúncia de que uma das fêmeas estava prenhe na época da apreensão e sem cuidados adequados.