Vereador Ronaldo Cancão destaca desafios e expectativas em seu retorno à Câmara Municipal de Petrolina

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Nesta segunda-feira (14), o vereador Ronaldo Cancão, do Republicanos, celebrou seu retorno à Câmara Municipal de Petrolina após ser eleito com 2.660 votos. Durante sua participação no programa Nossa Voz, Cancão expressou gratidão e delineou suas expectativas para o próximo mandato, destacando a importância de legislar em favor da população.

“O que me fez voltar: a sandália da vida, a resiliência, a humildade e a graça de Deus. O recado do povo é um desejo claro das pessoas que me retornam à Câmara. Eu tenho a consciência tranquila de que cumpri um papel fundamental durante os meus três mandatos como legislador, sempre em defesa de um povo que clama por atenção e, ao mesmo tempo, sem esquecer do papel principal que é legislar”, afirmou Cancão.

Um dos temas centrais abordados por ele foi a questão do autismo, um assunto que considera urgente e prioritário. “Acredito que é fundamental desenvolvermos um trabalho voltado para a detecção precoce do autismo, especialmente em Petrolina, onde temos mais de duas mil crianças que ainda não têm um diagnóstico claro. Essa situação é alarmante e precisamos agir rapidamente”, declarou.

Ele mencionou uma instituição filantrópica que realiza um trabalho exemplar na área e destacou a necessidade de que as crianças sejam encaminhadas ao médico neuropediatra para que possam receber o diagnóstico adequado.

“Estamos planejando um mutirão para atender todas as crianças com autismo em Petrolina. Este é um passo inicial, mas crucial, para que possamos dar os primeiros passos em direção ao conhecimento e à inclusão dessas crianças na sociedade. Não posso me esquivar dessa responsabilidade como legislador, e vou fazer a minha parte para garantir que esses direitos sejam respeitados”, enfatizou.

Além disso, Cancão abordou as emendas legislativas e a necessidade de atualizar o Regimento Interno da Câmara. “A carta magna da casa já tem 23 anos, e há um acúmulo de emendas que precisam ser revistas. Eu busquei entender como outras câmaras, como a de Salvador e Curitiba, estruturam suas legislações. Quando estive na Câmara de Salvador com o deputado federal Ricardo Prata, percebi a necessidade de trazermos um novo olhar para a nossa realidade em Petrolina”, explicou.

Ele relatou sua experiência na busca por uma reformulação da Lei Orgânica e do Regimento Interno da Câmara. “Passamos seis meses discutindo e elaborando propostas para modernizar as nossas legislações. Fui presidente da Comissão responsável e trabalhamos arduamente, mas, infelizmente, a proposta acabou ficando na gaveta durante quatro anos. É minha obrigação, como legislador, proteger os interesses da população e garantir que possamos trazer benefícios reais para os cidadãos de Petrolina”, destacou.

Cancão também criticou a prática de vereadores que aceitam cargos de assessoria, o que, segundo ele, desvirtua o verdadeiro papel do legislador. “Não vejo como justo um vereador licenciar para se tornar assessor. Se fosse para ocupar uma secretaria até entenderia. O papel do vereador é ser a voz do povo e defender os interesses da comunidade. Quando um vereador se afasta de sua função para ocupar um cargo de assessoria, perde-se a essência do que significa ser um representante do povo. A população precisa saber que estou aqui para trabalhar para ela e não para me desviar dessa responsabilidade”, enfatizou.

Ronaldo Cancão abordou a questão da reeleição para a presidência da Câmara, manifestando-se contra essa prática. “Sou contra a reeleição. É fundamental que tenhamos alternância de poder. A cidade de Petrolina, sendo a terceira maior do estado de Pernambuco e conhecida internacionalmente, precisa pensar grande e parar de agir de forma pequena em uma casa legislativa. Temos que trazer novos ares, novas ideias para a Câmara”, comentou.

Ao ser questionado sobre a formação de alianças na Câmara e sua participação nas comissões, Cancão foi cauteloso, ressaltando a importância de ouvir a base do governo. “Vou deixar a decisão para nosso líder maior, o prefeito. A escolha de quem vai ocupar as comissões deve ser debatida e decidida em conjunto. Eu sou vereador para representar a população, e minha responsabilidade é fortalecer a base do governo na casa”, disse.

O vereador também abordou a questão da independência entre os poderes e a interferência do Executivo nas decisões da Câmara. “Não vou criar um confronto. Ouvirei a base do governo e estarei presente nos debates quando for a hora certa. Não posso antecipar discussões desnecessárias, principalmente porque ainda temos 60 dias até dezembro”, disse.

Cancão compartilhou sua visão sobre a composição do legislativo de Petrolina a partir de 2025, elogiando a atuação de seus colegas. “O professor Gilmar é um vereador respeitado, e sua preocupação com o papel dele deve ser valorizada. Diego Serra, que já teve experiência no governo municipal, também pode contribuir para o debate na Câmara”, observou.

Durante a entrevista, Cancão relembrou quando era vereador, contando um fato no que tange ao Hospital Universitário. Ronaldo criticou o projeto de lei enviado pelo ex-prefeito Julio Lossio, que entregou a gestão do hospital à EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). “Essa lei foi aprovada sem garantias para a população. Na época eram 20 cidades. O hospital atende hoje 55 municípios, e precisamos debater qual é a real contribuição que o município deve dar a esse equipamento público, que foi construído com recursos públicos e ainda tem um custo elevado para o atendimento”, enfatizou.

O vereador também manifestou preocupação sobre a visibilidade dos profissionais que contribuíram para o hospital. “Cadê o nome do Dr. Washington Barros no hospital? O nome do Dr. Wagner também precisa estar na parte externa. Tiraram a placa, e não há reconhecimento por seu trabalho. Para alterar essa situação, precisaria voltar à Câmara”, afirmou.

Cancão concluiu enfatizando sua disposição para debater essas questões: “Estou pronto para discutir e rever essa situação, pois a lei não poderia ser alterada dessa forma.”