De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), de janeiro de 2020 até setembro deste ano, 169 crianças foram notificadas para a Síndrome Congênita do Zika, 42 casos ainda seguem em investigação ou os exames deram como “inconclusivos”. O boletim informa que, em 2020, 60 municípios pernambucanos foram registrados 62 casos de microcefalia e 27 de microcefalia severa. Em 2021, foram diagnosticados 25 casos de microcefalia e 13 com microcefalia severa.
A médica sanitarista e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Bernadete Perez, chama a atenção para a subnotificação que, segundo ela, se repete desde o período do pico epidêmico.
“A pandemia agudizou a situação crônica e a gente acha que existe uma subnotificação importante. Os números revelam que essa situação permanece porque nenhuma condição no território foi alterada, continuamos com locais altamente vulneráveis e marcados pela pobreza, infestação do mosquito, além de uma rede que permanece fragmentada, sem respostas coordenadas”, avalia.
A médica afirma que há uma falha na rede de serviços responsáveis por cuidar das crianças e familiares. “A situação é de dificuldade de acesso e fragmentação da rede. Ninguém sabe definir qual a equipe de referência que, de fato, cuida das crianças e famílias de forma a articular o conjunto de serviços que elas precisam com um plano terapêutico singularizado para cada paciente”, afirma Bernadete.
Para a médica, a solução do problema da Síndrome Congênita do Zika passa também pela ampliação da rede de atenção básica. Pelos cálculos da especialista, somente quando os governos federal, estadual e municipais garantirem a cobertura de no mínimo 80% das pessoas que vivem no território, aumentando capacidade de resolução das equipes, diversificar as ofertas e práticas terapêuticas indo além de remédios e exames.
fonte: Marco Zero