Ex-prefeito de Petrolina faz análise dos votos do primeiro turno e diz ter sido mais exitoso que Miguel na disputa ao governo do Estado
Em entrevista ao Nossa Voz desta sexta-feira, o suplente do candidato ao Senado, André de Paula (PSD) e ex-prefeito de Petrolina, Julio Lóssio (PSD), agradeceu os votos recebidos em Petrolina e região, tanto para André, quanto para Julio Lóssio Filho (SD). Ambos tiveram em todo o estado 567.367 e 24.349 respectivamente, que não foram suficientes para a vitória, entretanto sinalizaram um caminho a ser percorrido nas próximas disputas.
Coordenador da campanha de Marília Arraes (SD) a governadora de Pernambuco no Sertão, Lóssio assegurou estar focado prioritariamente no 2º turno da disputa. Ele também reafirmou a presença de Lula (PT) no palanque dela e até a possibilidade de uma agenda conjunta entre a candidata e o ex-presidente aqui no Vale do São Francisco. “Você sabe que Marília está grávida da sua terceira filha, está num momento importante da gravidez e tem que ter um certo cuidado, mas existe sim a possibilidade tanto de Lula quanto de Marília vir a Petrolina. Lula está programando uma agenda para Petrolina e Juazeiro, como fez Dilma na campanha da sua reeleição, uma agenda conjunta entre as duas cidades, e estamos animados que isso possa acontecer”.
O ex-prefeito de Petrolina ainda relembrou a eleição de 2018, quando disputou ao Governo de Pernambuco pela Rede e comparou com o pleito deste ano. “Eu ontem analisava os números e confesso que quando saí da minha eleição de governo, a gente saiu um pouco decepcionado porque eu tive 4,8% da votação do estado como um todo. E ontem eu fiquei muito feliz porque, mesmo não tendo participado dos debates e mesmo sem ter a possibilidade de ter guia, eu ter ficado em 4º lugar, enquanto o candidato Miguel, com toda essa estrutura, acabou ficando em quinto lugar. O Psol e a Rede se juntaram e tiveram 0,2% dos votos. Então, a política é uma coisa muito dinâmica e a gente tem que ter muito cuidado de como a gente se coloca na campanha porque às vezes acha que está acertando e acaba cometendo erros importantes”.
Como erro, Lóssio apontou o discurso apresentado por Miguel aos eleitores pernambucanos. “Foi isso que eu acho que aconteceu quando Miguel começou a colocar que ele tinha construído Petrolina do zero, o que não é verdade. Muitos homens e mulheres contribuíram para a nossa cidade. Então, acabou sendo um tanto desconstruído o seu discurso pelos demais candidatos. Eu acabei vendo com tristeza o quanto a nossa saúde piorou muito em Petrolina. O Ministério da Saúde apresentou agora dados que mostram que Petrolina tem a pior saúde do Sertão de Pernambuco. Não consegue fazer o pré-natal, não consegue vacinar as crianças. No Ideb perdeu espaço, Petrolina foi da quarta posição entre os municípios pernambucanos, hoje foi para a vigésima. Nós temos os mesmos alunos, os mesmos professores, então é preciso que a gente possa resgatar um governo, um presidente que possa trazer a nossa cidade e a nossa região para um patamar aceitável”.
Ao analisar a gestão de Miguel Coelho, que governou Petrolina entre 2016 a 2022, Júlio Lóssio afirmou tratar-se de uma administração midiática, patrocinada pelo orçamento secreto, o que motivou o apoio aberto a Bolsonaro no segundo turno. “O governo Miguel foi muito voltado para a mídia e para o asfalto. A gente não pode tirar o mérito do governo em relação às pavimentações, fruto do orçamento secreto que drenou recursos [direcionados a] para muitos municípios, inclusive para Petrolina, porque ele tinha o pai como líder do governo Bolsonaro. Agora ele afirmou que está com Bolsonaro, sempre esteve né?! Porque eles sempre tiveram uma ligação muito forte com o presidente Bolsonaro, mas esqueceram de cuidar da base. Porque praticamente não fizeram habitação para quem mais precisa, a educação no município piorou, os números mostram isso. (…) Então é preciso que as pessoas acordem para isso e que ao invés de ficarem assistindo a televisão, abram a janela para ver o que está acontecendo com as suas crianças, com seus filhos, com a saúde da sua comunidade”.
Por fim, Lossio retorna a uma análise crítica do desempenho de Coelho nesta eleição. “Miguel fez uma estratégia arriscada em dizer que tinha sido eleito o melhor prefeito de Pernambuco. Nunca teve essa eleição, nunca teve essa escolha, mas é preciso ter cuidado. E o resultado foi esse, acabou ficando em quinto lugar mesmo tendo propagado que poderia estar no segundo turno, mesmo conseguindo eleger os irmãos. E mesmo elegendo os irmãos só conseguiu transferir cerca 30% da votação que teve para eles. Então é preciso que se reveja essa posição para que a gente possa, de fato, separar o joio do trigo”.
