Com o governo do estado indicando progressão nos trabalhos para a privatização da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás), os funcionários da estatal têm relatado um tratamento “ostensivo” da empresa contratada para realizar os estudos de viabilidade de desestatização da Bahiagás. Em maio, a gestão estadual, por meio da BahiaInveste, contratou o consórcio Genial-Bahiagás, formado pela Bahiagás e pelo Banco Genial, para realizar a avaliação da Companhia de Gás.
Ao Bahia Notícias, trabalhadores da Bahiagás relataram que a Genial tem realizado entrevistas, realizando questionamentos, inclusive, sobre a vida pessoal dos funcionários.
Um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da indústria química, petroquímica, plástica, farmacêutica do Estado (Sindiquimica), sob condição de anonimato, afirmou que a Genial tem se comportado como um grupo de “compradores”, quando, na verdade, a consultoria foi contratada para realizar os estudos para a privatização.
“O grupo tem solicitado todo tipo de informação. Desde como as atividades são executadas, o que cada trabalhador. Dados do negócio, dados de atividade, números de atestados médicos. Estão indo até questões pessoais, vendo quais trabalhadores de cada unidade colocaram ou não atestado. No nosso entendimento, eles não estão agindo como alguém que está fazendo um estudo, mas alguém que está agindo como os compradores. Eles foram contratados para elaborar um estudo preparatório para a venda”, disse o dirigente.
Segundo o sindicalista, as abordagens foram iniciadas logo após a contratação da Genial, mas ele relata que as “entrevistas” têm sido intensificadas nas últimas semanas, ficando cada vez mais “ostensivas”. Ele afirmou que, por isso, os trabalhadores começaram uma mobilização contra a consultoria e a privatização da Bahiagás.
O CONTRATO
O Bahia Notícias teve acesso ao contrato de contratação do consórcio para a realização do estudo de viabilidade de privatização. O valor do contrato é de R$ 3.963.952,00, com vigência de 24 meses, podendo ser prorrogado em até cinco anos.
O documento diz que a Genial foi contratada para realização dos “estudos técnicos necessários à estruturação de Projeto e avaliação da Bahiagás, diligence contábil-patrimonial; avaliação técnico-operacional, de recursos humanos e socioambiental, projeto conceitual de engenharia, avaliação econômico-financeira, modelo regulatório, novo contrato de concessão, minuta de proposta para as instâncias decisórias da companhia, minutas dos editais de licitação do projeto e seus respectivos anexos, divulgação do projeto e interação com o mercado”.
Além disso, na cláusula 11ª do contrato, que dispõe sobre os Direitos, Obrigações e Responsabilidades entre as partes, obriga a Genial a “respeitar e fazer com que seus empregados respeitem as normas de segurança do trabalho, disciplina e demais regulamentos vigentes na CONTRATANTE, bem como atentar para as regras de cortesia no local onde serão executados os serviços”.
Segundo o movimento dos trabalhadores da Bahiagás, a Genial não estaria cumprindo a cláusula 11ª, desrespeitando os empregados da estatal.
NÚMEROS
Entre 2021 e 2022 a Bahiagás registrou um crescimento de 80% dos seus lucros, chegando a R$ 211,1 milhões. Durante a pandemia, no ano de 2020, a estatal chegou a ter uma queda expressiva de seus números, registrando um lucro líquido de R$ 55,3 milhões.
Além disso, a companhia reportou um acréscimo no caixa, com R$ 357,2 milhões ao fim do ano passado, uma alta de 2% em relação a 2021, quando registrou R$ 349,3 milhões. Os dados foram disponibilizados pela Bahiagás, em seu relatório de administração.
Fonte: Bahia Notícias