A educação formal na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) tem atraído o interesse de cada vez mais adolescentes da instituição. O índice de socioeducandos matriculados nas escolas da rede pública estadual existentes nas 11 unidades de internação do Estado subiu nos últimos quatro anos, passando de cerca de 40%, em 2015, para 90%, atualmente. A melhoria dos resultados acontece em um cenário de integração maior entre a Funase e a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE), responsável pelas unidades de ensino. A meta é que, até dezembro, 100% dos jovens atendidos estejam em sala de aula.
A Funase atende 840 socioeducandos em internação. As vivências deles na escola têm gerado resultados de referência nacional e internacional. Em 2014, por exemplo, a Escola Frei Jaboatão, que funciona no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Jaboatão dos Guararapes, foi agraciada com o Prêmio Innovare, o maior da Justiça brasileira. A mesma instituição passou a fazer parte da Rede PEA-Unesco em 2015, sendo a única voltada a adolescentes em privação de liberdade no Brasil a participar de um rol de mais de 580 associadas. No início de 2019, uma aula de ciências ministrada em intercâmbio com uma escola europeia teve menção da ONU France et Monaco no Twitter. Na ocasião, socioeducandos aprenderam a fabricar detergente caseiro não poluente.
“O Brasil e o mundo reconhecem Pernambuco como um exemplo de educação pública de qualidade. No Governo Paulo Câmara, esses indicadores estão melhorando com muito esforço, investimento e compromisso. A motivação que vemos em toda a rede estadual está presente também entre os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, que têm acesso a oportunidades a partir das experiências dentro de sala de aula, por meio trabalho de quem está na ponta”, avalia o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Sileno Guedes, responsável pela pasta à qual a Funase está vinculada.
A integração entre setores governamentais é um dos fatores positivos na execução da política pública. Um desses momentos foi o 2º Encontro de Pedagogos da Funase em 2019, realizado no Centro de Formação dos Servidores e Empregados Públicos de Pernambuco (Cefospe). Além dos profissionais da instituição, compareceram professores e coordenadores pedagógicos da SEE, que atuam nos anexos escolares que funcionam na Funase. O evento abordou avanços e desafios e teve um círculo restaurativo, alusivo à metodologia da Justiça Restaurativa, em implantação entre profissionais e adolescentes do sistema socioeducativo.
“Há quatro anos, havia um número bem menor de estudantes matriculados, e agora, vemos o salto na execução da política pública. Isso acontece porque não há equipe de uma instituição ou de outra. Somos todos executores dessa política”, destacou o chefe de unidade de Educação no Atendimento Socioeducativo da SEE, Hugo Regis, durante o Encontro de Pedagogos. “É muito importante quando o adolescente se percebe como aluno da rede estadual, como alguém que está sendo reconhecido. Isso é possível graças a essa integração. Os resultados estão aí para provar”, completou a coordenadora do Eixo Educação da Funase, Sônia Melo.
Para a superintendente da Política de Atendimento da Funase, Íris Borges, também presente ao evento, esse trabalho é fundamental para aproximar da escola adolescentes que, por vezes, vivenciaram uma relação de distanciamento da educação formal. “Há essa união de esforços e, em paralelo, temos feito o dever de casa dentro da instituição. Revisamos nosso Projeto Político-Pedagógico e temos como meta, para 2020, fazer o link entre nossos marcos legais internos e os planos operativos das unidades. Isso tudo fortalece o trabalho dos pedagogos e tem impacto no atendimento aos socioeducandos”, declarou.