Com problemas históricos no que diz respeito à falta de condições de trabalho e vencimentos atrasados, o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) segue com a campanha salarial da categoria. A pauta de reivindicações, aprovada em assembleia no último dia 19 de abril, já foi encaminhada ao Governo do Estado. De acordo com o presidente do Sinpol-PE, Rafael Cavalcanti, há uma expectativa quanto ao atendimento dos pontos listados, uma vez que considera a governadora Raquel Lyra sensível às cobranças feitas pelos policiais.
“Não haverá implementação da política pública de segurança efetiva, sem uma discussão profunda com os policiais, fundamentalmente com os policiais de base e sem valorização desses policiais. Nós precisamos de estrutura, de contratação e motivar a tropa porque foram oito anos de um governo muito massacrante, tanto no tratamento quanto em péssimas condições que foram oferecidas para à categoria, quanto também, nos deixando com um dos menores salários do país”, afirmou. Segundo os dados apresentados por Cavalcante, a PCPE tem a 25ª pior remuneração do país aos policiais no início da carreira. Além dos valores percebidos mensalmente, há também a luta pela reformulação do Plano de Cargos e Carreira.
Num comparativo com outros estados, o sindicalista traz exemplos do estado vizinho, que apresenta uma estruturação superior a Pernambuco. “O estado tem uma das piores estruturas de Polícia Civil do país. Temos um estado ao lado, o Ceará, que tem mais ou mesmo a mesma renda, a mesma arrecadação, população semelhante e a mesma quantidade de municípios e vamos lá delegacias que são padronizadas em todos os cantos do Estado. Do Litoral ao Sertão, você tem um modelo de delegacia, feita para funcionar como delegacia para atender a população e para ter condições de atender ao profissional de segurança”.
Rafael ainda complementa que os problemas estruturais têm comprometido a saúde mental desses profissionais. “Estamos vendo o nosso policial adoecendo, morrendo e tirando a sua própria vida porque a própria polícia, a matéria prima com que trabalhamos, a violência é extremamente difícil de lidar, ainda mais com a falta de estrutura, a sobrecarga de trabalho pela falta de efetivo, que é outro ponto de reivindicação, junto com a valorização salarial. Sem uma composição que dê equilíbrio a todos esses fatores, não conseguiremos extrair desse o máximo desse profissional, e vale ressaltar que Pernambuco tem um dos melhores profissionais do país. Um policial civil, muitas vezes, se frustra porque não consegue dar solução aos crimes que são levados a ele numa delegacia de polícia por falta de estrutura, por falta de investimento do estado.
O presidente do Sinpol ainda lamentou os investimentos congelados há 12 anos e citou dados alarmantes sobre o déficit de efetivo. Atualmente, Pernambuco conta com 6.300 policiais civis, quando, ainda dentro dos estudos feitos pelo Programa Pacto pela Vida em 2015, o estado deveria ter 10.500 profissionais. “É por isso que muitas vezes, o cidadão vai à delegacia e fica frustrado porque não vê o seu crime sendo investigado, não vê a solução dos seus crimes, mas muitas vezes, a equipe precisa escolher qual crime será investigado porque não tem condições de dar atendimento a todos os crimes e inquéritos que estão abarrotando as delegacias, não só em Petrolina, mas em todos os estados”.
A pauta de reivindicações foi protocolada no último dia 24 de abril. A categoria espera a convocação do Estado para abertura de mesa de negociação. “Estávamos aguardando pacientemente desde o começo do ano, mas a categoria já está sedenta por essa discussão porque queremos continuar trabalhando. Faz tempo que a gente reclama, grita e pede socorro e a governadora foi eleita para dar esse socorro e agora chegou a hora da gente discutir”.