A emissora pública britânica BBC anunciou na sexta-feira (4) que está suspendendo o trabalho de seus jornalistas na Rússia depois que o parlamento de Moscou apresentou uma legislação que prevê penas severas para a publicação de “informações falsas” sobre a invasão da Ucrânia.
Abrindo caminho para a aprovação de um texto que pune severamente quem publica “informações falsas” sobre o Exército, os deputados aprovaram por unanimidade uma emenda que prevê penas de até 15 anos de prisão para notícias que busquem “desacreditar” as Forças Armadas.
“Esta legislação parece criminalizar o processo de jornalismo independente. Ela nos deixa sem escolha a não ser suspender temporariamente o trabalho de todos os jornalistas da BBC News e sua equipe de apoio na Federação Russa enquanto avaliamos todas as implicações”, disse o diretor-geral da emissora, Tim Davie.
Ele disse que não queria “expor seus jornalistas ao risco de processos criminais simplesmente por fazerem seu trabalho”. No entanto, “nosso serviço de notícias da BBC em russo continuará operando de fora da Rússia”, disse ele.
Comprometidos em “tornar informações precisas e independentes para o mundo inteiro, incluindo os milhões de russos que usam nossos serviços de notícias”, seus jornalistas “na Ucrânia e em todo o mundo continuarão a relatar a invasão da Ucrânia”, explicou.
Bloqueado pelas autoridades russas na sexta-feira, o site de notícias em russo da BBC viu sua audiência mais que triplicar desde o início da invasão, para uma média de 10,7 milhões de visitas por semana, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, o número de visitantes na Rússia do site em inglês bbc.com subiu 252%, chegando a 423 mil na semana passada.
Outra emenda apresentada esta sexta-feira no Parlamento russo contempla sanções para quem pede “sanções contra a Rússia”, justamente quando o país enfrenta grandes penalidades de países ocidentais pelo ataque à Ucrânia.
(Folha PE/Foto: Dimitar Dilkoff/AFP)