Uma nova determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), prevê um novo recolhimento de lotes de medicamentos a base de losartana, utilizada no tratamento da hipertensão (pressão alta) e insuficiência cardíaca. A medida foi publicada na semana passada e trouxe nova apreensão para os usuários desse remédio, amplamente receitado por cardiologistas. Na primeira vez que isso ocorreu, a Anvisa restringiu a venda e determinou o recolhimento de lotes de uma única marca por detectar a presença de “azido”, substância resultante do processo de fabricação da medicação.
Entretanto, a medida preventiva foi ampliada após a ciência que outros laboratórios também necessitavam fazer a adequação. “Não sei se vocês lembram, mas em setembro de 2021, uma indústria farmacêutica já tinha tido esse recolhimento a base da losartana. A partir de então, a Anvisa colocou técnicas mais apuradas para perceber quais lotes tinham uma impureza chamada azido, em concentrações acima dos limites de segurança, acima do limite aceitável. Desde então, a partir do dia 23 de junho, alguns lotes de diversas marcas. É uma lista com 44 páginas de medicamentos [losartana] de diversas indústrias farmacêuticas, diversas marcas”, relatou em entrevista ao Nossa Voz de hoje (04) a médica cardiologista, Polyana Lima.
A profissional de saúde também ressalta que, apesar da orientação para troca da medicação, o paciente não deve suspender o uso da losartana em nenhum dos casos. “A orientação é que a pessoa continue e procure orientação do seu médico. Porque a losartana é o medicamento anti hipertensivo mais utilizado para tratamento da pressão alta. Além disso, ela serve para insuficiência cardíaca, para quem tem o coração fraco. Então, o risco de uma suspensão abrupta desse medicamento é muito maior do que continuar usando. Então, o que é que a gente indica? Procura essa lista. Na primeira coluna vai ter o laboratório (marca do medicamento), e na caixa do seu medicamento você procura o lote, se estiver ali, é para você entrar em contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) e pedir a troca se o lote que você está usando se estiver naquela lista”.
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Polyana ainda relembra que o azido pode estar presente na medicação, entretanto em baixas concentrações. “Essa substância, quando é produzido o medicamento, ela é liberada. A Anvisa dosa a quantidade aceitável desta substância e esses lotes tiveram uma quantidade acima disso, por isso, estão sendo recolhidos. O que é que o azido pode causar? A longo prazo ele tem um efeito de causar mutações, de ser nocivo à saúde. Mas isso é a longo prazo, a medida da Anvisa determina o tempo inteiro que é uma ação preventiva, então, não é ‘tomei o medicamento e vou passar mal’. É uma coisa que tem uma substância além do limite aceitável que a longo prazo pode trazer danos ao organismo”, reforçou.
Por meio de nota, a Anvisa esclareceu que, desde a descoberta da possibilidade de presença do “azido” na losartana, em setembro de 2021, vem adotando medidas para garantir que os medicamentos disponíveis para a população brasileira estejam dentro dos padrões de qualidade.
A agência notificou os detentores de registro desses remédios para apresentarem os resultados da avaliação sobre a existência dessa impureza em seus produtos.