O assassinato da menina juazeirense Beatriz Angélica Mota, ocorrido durante uma festa de formatura em um colégio particular de Petrolina, cidade vizinha a Juazeiro, completa dez anos nesta quarta-feira (10).
O crime permanece sem desfecho judicial, apesar da identificação de um suspeito e do avanço das investigações ao longo da última década. Ao G1, a mãe da garota, Lúcia Mota, acredita que a autoria e a motivação do crime estão esclarecidas. “A gente tem certeza de que Marcelo da Silva é o assassino de Beatriz e que, se ele sair amanhã, vai cometer outros crimes contra outras Beatrizes”, afirmou Mota.
Marcelo da Silva foi apontado como suspeito em janeiro de 2022, após exames de DNA realizados na faca usada no crime. À época, ele já estava preso por outros delitos. O homem chegou a confessar o assassinato, mas depois enviou carta à defesa dizendo ter sido pressionado.
O advogado, Rafael Nunes, sustenta que a confissão não tem validade jurídica. Apesar da identificação do suspeito e da realização de audiência de instrução em dezembro de 2022, o caso não avançou para o júri popular.
Em dezembro de 2023, a juíza do Tribunal do Júri de Petrolina, Elane Brandão Ribeiro, determinou que Marcelo fosse levado a julgamento, mas isso ainda não ocorreu. O processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
A busca por justiça levou Lúcia Mota a atuar na política. Ela disputou cargos eletivos em Petrolina, foi vereadora entre 2023 e 2024 e concorreu ao Legislativo estadual antes de assumir a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, em 2023. Atualmente, está perto de concluir o curso de Direito.
“Eu fui obrigada a me transformar nessa mulher. Enfrentar criminosos perigosos, enfrentar um sistema. Seria egoísta não compartilhar isso com outras mães e famílias”, disse.
O acusado, Marcelo da Silva, cumpre pena no presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, por outro crime. O advogado dele tenta impedir o júri popular, alegando inconsistências nas provas e ausência de material genético no corpo da vítima.
O crime
Beatriz Angélica, de sete anos, foi assassinada no dia 10 de dezembro de 2015, durante a formatura da irmã no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Ela saiu para beber água e desapareceu. O corpo foi encontrado em um depósito de material esportivo, com uma faca peixeira cravada no abdômen. A criança também tinha ferimentos no tórax, braços e pernas. (Foto: Reprodução)



