Nascido em Juazeiro, município na Bahia, Ray Nery, 28, decidiu se mudar para São Paulo em meados de março.
Músico desde os 12 anos, Nery conta que toca cerca de 20 instrumentos e que seu plano inicial na metrópole paulistana era tocar em barzinhos e eventos particulares, assim como fazia em sua cidade natal.
Porém, nada disso foi possível devido à quarentena decretada poucos dias depois de sua chegada à capital. Ele começou, há um mês, a tocar saxofone nas ruas agora vazias da cidade.
Diante o cenário, ele resolveu pegar o saxofone e, sem pretensões, parou em uma esquina na Lapa e começou a tocar. “Quando terminei, estava embaixo de um prédio, e recebi muitos aplausos, isso não tem preço”, disse ele.
A partir de então, começou a ser contratado para fazer serenatas para quem quer prestar homenagens a aniversariantes e até a recuperados do coronavírus. Ele prefere não revelar quanto custa sua apresentação.
“Uma senhora entrou em contato comigo e eu fui tocar em frente à casa de um senhor que foi intubado e conseguiu vencer a Covid-19”, disse. Nesse dia, ele lembra que, enquanto homenageava o recuperado, um morador de rua deu algumas moedas para ele. “Eu achei isso um ato muito nobre.”
Ele diz que as filmagens dele tocando na cidade são feitas, em sua maioria, por pessoas que estão passando na rua no momento ou por aqueles que o contratam. “Toco na frente de muitos prédios, normalmente, alguém desce e faz fotos minhas.”
O repertório de Nery começa, quase sempre, com “Como É Grande o Meu Amor por Você”, de Roberto Carlos, e termina com “Trem das Onze”. Ele diz que se identifica com a letra de Adoniran Barbosa. “Moro na zona norte, com a minha mãe e, apesar de ter irmãos, só eu moro aqui, então sou filho único”, diz ele parafraseando a música.
Sem hora para começar ou terminar, ele diz que essa a forma de trabalhar é “muito mais emocionante”. “Eu saio de casa sem saber onde vou tocar, quanto vou ganhar, dá um frio na barriga que eu não estava habituado”, diz.
Durante a pandemia, ele afirma que tem tomado cuidados para não correr o risco de levar uma doença para casa. “Moro com a minha mãe e meu padrasto que são idosos, então uso máscara, menos quando estou tocando, e ando com álcool gel.”
(Com informações: Bahia Notícias)