Transferência pode custar R$ 50 mil e gestor do HU sugere investimentos na contratação de profissionais

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Com investimentos consideráveis empenhados nas transferências de pacientes, a rede PEBA precisa de uma reorganização urgente na pactuação de recursos. O alerta veio através do superintendente do Hospital Universitário da Univasf (HU-Univasf/Ebserh), Julianelli Tolentino. Em entrevista ao Nossa Voz desta quinta-feira (27), ele detalhou as dificuldades relativas ao quantitativo de médicos especialistas em neurocirurgia e anestesistas, necessidade de incremento das verbas públicas destinadas à unidade e apontou caminhos para solucionar os gargalos que impedem o HU de agilizar os atendimentos, pondo fim à lista de espera dos pacientes por cirurgias realizadas no hospital.

“Nós teremos a incorporação de mais um neurologista, mas que na realidade, era do quadro, saiu e está voltando agora. E estamos colocando em prática um modelo de seleção simplificado para que tenhamos  a inclusão de novos anestesistas também, porque com essas 11 vagas [abertas através de processo simplificado] foram priorizados alguns profissionais e dentre eles, os nossos médicos. Então, o esforço vai exatamente neste sentido, de nós termos a disponibilidade de pessoal, nesse caso, anestesistas, neurologistas e outros profissionais, para que as escalas fiquem preenchidas. Para se ter uma ideia, para nós sempre termos um neurocirurgião no plantão, durante 24h por dia, precisaríamos de 14 no quadro. E hoje nós temos sete”, revelou destacando que esse é um dos fatores que impedem que o paciente seja prontamente atendido ao dar entrada no hospital. 

Essa situação gera a necessidade de regulação para outros hospitais do Estado ou da Bahia, na maioria dos casos, encaminhando esse paciente para Recife ou Salvador, o que aumenta consideravelmente os custos desse atendimento. “A transferência de um paciente daqui de Petrolina para Recife, se for por via terrestre, por ambulância, nós gastamos  em torno de R$ 18 mil, até R$ 20 mil, por paciente. Se for necessário usar uma UTI aérea, o que vez por outra acontece, esse valor sobe para R$ 40 mil e chega até R$ 50 mil, por paciente. E quem é que paga isso? Nós, trabalhadores que pagamos nossos impostos. Quem para diretamente por esse serviço são os Estados. Pernambuco paga por essa transferência. Imaginem se a gente, de repente, conscientizando e sensibilizando os nossos representantes políticos a repassarem esses valores de recursos que estão sendo investidos nas transferências para que pudéssemos contratar novos profissionais”, especulou. 

Porém, para Tolentino, vencer os desafios internos do HU não assegurariam o fim dos problemas relativos à superlotação da unidade. “Além dos investimentos, os nossos gestores individuais precisam ampliar a oferta de serviço, por exemplo, nas unidades básicas. E aí, consequentemente, esses pequenos problemas já seriam sanados. Então, o paciente não procuraria o Hospital Universitário. Nós temos que ter equipes multiprofissionais disponíveis e isso ser ampliado. Equipes com médicos, enfermeiros, farmacêuticos, odontólogos, de técnicos de enfermagem, para dar uma assistência completa aos pacientes na atenção primária”. 

Outras ações no âmbito de atuação do Governo do Estado também seriam imprescindíveis nesse contexto. “Nós também precisamos ampliar a estrutura de atendimento da UPA, discutir a implantação de um hospital municipal para servir como uma barreira. Vou discutir com a governadora Raquel Lyra e com a secretária [de saúde] Zilda, a possibilidade de um hospital regional aqui. É uma cidade onde estamos chegando a 400 mil habitantes. Logo, logo estaremos num município com meio milhão de habitantes. Não é possível que uma região com essas características, com uma pujança em relação ao agronegócio, destaque na exportação de manga e de uvas, com uma economia também pujante e a gente com essa grande dificuldade em relação a atenção à saúde da população”, ponderou.