A cronologia dos fatos envolvendo a disputa interna do União Brasil e o papel crescente do clã Bezerra Coelho em Pernambuco expõe um processo de consolidação de poder que levanta questões importantes sobre o futuro da política partidária no estado. Desde as eleições de 2022, quando Miguel Coelho buscava o governo de Pernambuco, a esse núcleo vinha ampliando sua influência, culminando com a intervenção no diretório estadual anunciada nesta quarta-feira (16). Essa movimentação, articulada pelo deputado federal, Fernando Filho, e aprovada pela cúpula nacional do partido, incluindo o novo presidente, Antônio Rueda, consolidou o domínio da legenda pelos Bezerra Coelho em Pernambuco e praticamente eliminou a influência de Luciano Bivar.
A prevista substituição de Marcos Amaral como presidente estadual, um aliado de Bivar, foi parte de um esforço mais amplo para reestruturar o partido e alinhar-se com as ambições desse clã. O movimento foi justificado com o discurso de “oxigenar” e fortalecer o partido, mas críticos poderiam argumentar que, na verdade, trata-se de uma manobra para centralizar ainda mais o controle nas mãos de Miguel Coelho e seus irmãos.
A participação do União Brasil no palanque de João Campos, reeleito prefeito do Recife em 2024, reforça essa estratégia de poder. A aliança com Campos (PSB), uma figura importante na política pernambucana, não apenas consolidou a presença dos Bezerra Coelho no partido, mas também abriu portas para as eleições de 2026. Miguel Coelho já confia no apoio de João Campos para disputar o Senado, o que demonstra a busca do grupo por espaço nas esferas mais elevadas da política estadual.
Este cenário revela um projeto político ambicioso, no qual o clã Bezerra Coelho busca expandir sua influência em esfera federal, aproveitando a aliança com Campos e a relevância do União Brasil. Embora essa centralização possa trazer estabilidade interna, há preocupações sobre o impacto que isso terá na renovação democrática do partido. A substituição de lideranças e a busca por eliminar o legado de Bivar apontam para um controle quase hegemônico, que pode sufocar vozes dissidentes e tornar o partido uma plataforma exclusivamente dedicada às ambições políticas do filhos Fernando Bezerra Coelho.
Por fim, o ingresso no palanque de João Campos em 2024 e a já articulada candidatura ao Senado em 2026 mostram que eles estão jogando em múltiplas frentes, de olho em fortalecer seu poder político tanto em Pernambuco quanto em Brasília. No entanto, resta ver como essa estratégia será percebida pelos membros do União Brasil que podem se sentir marginalizados diante da ascensão de um grupo familiar que, ao que tudo indica, pretende governar o partido com mãos firmes nos próximos anos.