Ao comparar a atual bancada de oposição na Câmara de Petrolina com os integrantes da legislatura anterior, o vereador Gilmar Santos (PT) não reconhece nos eleitos o mesmo direcionamento. Segundo o petista, apesar de contar com membros de partidos diferentes, todos tinham o mesmo posicionamento crítico acerca das ações empreendidas pela gestão municipal. Entretanto, ao analisar os novos colegas de legislatura, Santos acredita que os novatos Samara da Visão (PSD) e Marquinhos do N04 (Podemos) assumem os mandatos voltados para um projeto pessoal. Nem mesmo o vereador Elismar Gonçalves (Podemos), que foi reeleito assim como Gilmar, escapou do seu escrutínio e está sob suspeita de já ter migrado para a base do prefeito Miguel Coelho.
“Nós procuramos construir, dentro da Câmara Municipal uma relação, junto a oposição que nós tínhamos, uma relação de coerência e de identidade sobre o que é que significa uma oposição dentro de Petrolina. A oposição é necessária para que a população tenha uma outra visão sobre como a gestão e política funciona no nosso município, mas também de apresentar propostas que possam melhor as condições de vida da população. Nós tínhamos um grupo anterior diferenças, mas havia ali uma relação de identidade e uma coerência no sentido das críticas e das proposições junto a gestão”.
Diante disso e uma desencontrada escolha de liderança da bancada, Gilmar Santos (PT) optou por não ser liderado por Marquinhos do N04, assumindo então uma postura independente na Casa Plínio Amorim. “Nós tentamos construir com esse novo grupo esse mesmo procedimento, ou seja, uma oposição que reafirmasse a sua identidade e seu compromisso com a população de Petrolina, mas que ao mesmo tempo pudesse oportunizar a todos os membros desse grupo a participação junto a liderança da bancada”. Segundo Santos, inicialmente, Marquinhos e Samara haviam concordado e posteriormente mudaram de posicionamento.
A decisão foi revelada pelo novo líder da oposição, que inclusive comunicou os votos dos dois (Elismar e Samara), o teriam escolhido como liderança pelos próximos dois anos. “As reuniões ocorreram sem a presença de todos os membros. Nós tivemos ao menos cinco tentativas de reunião e em nenhum momento o vereador Elismar fez esforço para estar presente e a gente compreende que cada vereador tem suas agendas e nem sempre é possível, mas cinco vezes? Em uma dessas tentativas seria razoável a presença do vereador”, lamentou.
“Nós entendemos que nesse formato há um interesse mais particular do que coletivo. E a medida em que a gente percebeu que existe uma maioria mais preocupada em interesses particulares do com essa construção coletiva, nós resolvemos nos retirar dessa construção. E deixamos muito à vontade os três vereadores para que eles decidam como vão se portar na Câmara Municipal, qual oposição vai ser essa. Eu me preocupo muito, uma oposição onde desses três vereadores, um vota a favor do grupo do prefeito. Porque votar no vereador Aero e nessa diretoria é votar no grupo do prefeito. E aí eu não estou dizendo votar em projetos pela melhoria da população, porque a gente já votou em diversos projetos do executivo e até dos vereadores, ligados ao prefeito. Mas votar no grupo político do prefeito, é minimamente um motiva para desconfiarmos que identidade tem essa oposição”.
Os votos em branco de Samara da Visão e Marquinhos do N04 também não passaram despercebidos por Gilmar durante a eleição da mesa. “Votar em branco, na minha opinião, você fica sem saber se é a favor, se é contra, que posição tem. Parece-me que os dois vereadores tem conhecimento da história desse grupo político. Então, minimamente a gente esperava uma posição mais clara, mais evidente sobre essa questão do voto”.